domingo, 22 de novembro de 2009

Do Começo ao Fim


Pra quem não conhece, esse é o polêmico filme sobre os irmãos gays que vivem uma relação incestuosa. Desde que o trailer caiu na internet, virou a promessa de um Brokeback Mountain brasileiro; um filme que iria quebrar tabus e transformar o cinema nacional.

Mas acabou sendo uma das experiências mais dolorosas e constrangedoras que eu já passei numa sala de cinema. Não me lembro de um caso mais extremo onde um trailer tão forte resultou numa coisa tão horrorosa. Até me cansa pensar sobre o filme, porque tem tanta coisa errada nele que pra dizer como ele poderia ter funcionado seria preciso escrever uma teoria completa do cinema.

O filme tem 2 problemas principais: roteiro e direção. Mas isso, pra citar um amigo meu, é como chegar pra alguém e dizer "só mudaria 2 coisas em você: sua personalidade e sua aparência"! Tudo na tela está errado, principalmente o elenco. Os atores talvez não sejam tão péssimos como estão aqui, mas se o texto é forçado, se os enquadramentos estão errados, se a luz e a trilha sonora vão contra a cena, o que os coitados podem fazer?

E o problema não é só o que está na tela, mas principalmente o que não está. Cadê a história? Cadê os conflitos? Cadê a parte onde os dois começam a desenvolver a sexualidade? Cadê a reação dos pais quando pegam os filhos juntos pela primeira vez? Cadê os amigos e conhecidos da família - e o que eles acham disso tudo? A mãe, que serviria como o centro emocional da história, é eliminada logo no primeiro ato. Nunca vi um filme que fugisse tão furiosamente do próprio assunto que escolheu tratar. E o impensável - não há nenhuma cena de sexo! É um roteiro acéfalo, subdesenvolvido, medroso. Um fracasso tão completo que provavelmente não irá agradar nem ao público gay que já estava completamente vendido. O filme vai realmente do começo ao fim, sem em nenhum momento passar pelo meio.

Do Começo ao Fim (BRA, 2009, Aluízio Abranches)

INDICADO PARA: Fujam deste filme e não comentem com ninguém.

NOTA: 2.5

14 comentários:

Anônimo disse...

putz eu jah tinha achado ruim o trailer...
por acaso sou eu quem vc esta 'quoting'? lol...
mas enfim, se esse for tao ruim assim, acho melhor nao ver pq quando eu odeio, eu odeio!
geralmente eu concordo com voce qdo se trata de filme nacional entao, vou passar longe...

Caio Amaral disse...

Pois é... Mesmo que tivesse sido bom, ainda não seria pra todos os gostos por causa do assunto. Mas do jeito que ficou acho que só o diretor gosta mesmo, rss.

Caio Amaral disse...

Até dedicou o filme para os pais (!).

Anônimo disse...

lol. me lembro de vc falando que "tinha chegado a conclusao que o wenders faz filmes oh pra ele mesmo...". eu coloquei um filme brasileiro no netflix. um com o wagner moura. nao lembro o titulo agora mas parece q eh um roadtrip...

Fabio Allves disse...

Eu diria um comercial de margarina do começo ao fim...

Adorei a véia apimentada do blog... já está no meu reader...

Beijos
Fabio Allves
http://allaboutt.wordpress.com/

Anônimo disse...

bem... com tanta barbaridade escrita que posso dizer. nem sempre os filmes têm de narrar as coisas tal e qual como elas são.. por vezes apenas querem mostrar-nos um ponto de vista que nunca foi antes abordado... tanto drama para que? nunca ouviram falar que por vezes uma imagem vale mais do que 1000 palavras? enfim. vejam o filme! não seria preciso uma narrativa assim tão elaborada ou imagens mais intensas para se avaliar um filme, alias os actores que interpretam os papeis são brilhantes e mostras as emoções com bem poucas palavras... só mesmo pessoas basicas precisam de um principio, meio e fim. aconselho todos a verem o filme

Anônimo disse...

É incrível como hoje em dia ainda existem idiotas como vocês né Marcio, e Caio, ah sem nos esquecermos também do Fábio.
Acho melhor vocês enfiarem essa repulsa no $%¨&&, porque quem sabe assim vocês se tornem menos babacas.
Cuidado com as palavras, porque a o corpo paga por todas as palavras que a língua pronuncia!

Anônimo disse...

Queria que pessoas anônimas tivessem coragem de expor uma opinião sem criticar ao próximo, e se identificar... Não gostei do filme, tinha uma grande expectativa quanto a ele e saí decepcionado! Acontece de vez em quando...

;)

Caio Amaral disse...

Anônimos, tenho a impressão de que vocês são gays e se sentiram pessoalmente ofendidos com os comentários. Só queria lembrar que minha crítica é em relação ao filme e seu conteúdo cinematográfico apenas. Se o casal fosse de 2 lésbicas ou mesmo hetero, ainda assim eu teria achado de extremo mau gosto. Mas, como sempre digo, isso é só minha opinião.

Anônimo disse...

haauahauahaauahauahauaahauaha. vale a pena rebater comentarios anonimos? credo.
"Cuidado com as palavras, porque a o corpo paga por todas as palavras que a língua pronuncia!". nao entendi isso.
carpe diem.

Anônimo disse...

mas quem és tu para comentar seja o que for? ja fizeste algum filme??? e sim sou gay... lololol
gostas é de filmes mediatos, fáceis, banais... normal o comercial...

Caio Amaral disse...

Posso julgar um filme perfeitamente bem sem nunca ter feito um, da mesma forma que posso julgar se gosto ou não de um prato de comida sem saber cozinhar, que posso avaliar a inteligência de Einstein ou a maldade de Hitler sem precisar ter descoberto a teoria da relatividade nem matado milhares de pessoas.

Anônimo disse...

Achei curiosa esta parte "porque tem tanta coisa errada nele que pra dizer como ele poderia ter funcionado seria preciso escrever uma teoria completa do cinema". Pq 10 anos depois vc literalmente publicou uma teoria nova de cinema kkkk.
Estou lendo as suas críticas mais antigas, de trás pra frente. É interessante ver a evolução das ideias. Por exemplo, como estou lendo dos mais novos para os mais antigos, é curioso como uma postagem com uma teoria completa sobre problema X mais recente era apenas uma observação em uma crítica mais antiga.
O que mais me chamou a atenção foi o de "culto a dor". Eu lembro que na metade dos anos 2000 os filmes que queriam ser maduros eram todos sombrios e realistas, os trailers mostravam os personagens gritando, sofrendo, sendo traídos, olhando sérios pra uma situação de perigo. Foi um clichê que eu não gostava. Daí conforme vc foi escrevendo, ficou claro que esse clichê, entre outros, não é um "clichê", mas uma "racionalização", uma "tendência" ao autos sacrifício, autodestruição, e que só existe porque são pessoas perturbadas que fizeram os filmes, e não porque é uma convenção do gênero que "funciona e veio pra ficar".

Caio Amaral disse...

A maioria das críticas dessa época eu acho constrangedoras justamente porque me faltava um vocabulário maior (e experiência/conhecimento) pra explicar o que tinha me incomodado nos filmes (ou até agradado). Acabava apenas dizendo que algo era um "clichê".. ou "pretensioso".. pois percebia a artificialidade e as más intenções de certas táticas, mas verbalmente ainda não tinha chegado nas raízes do problema. Estava operando num nível muito mais intuitivo. Outra crítica curiosa nesse sentido é a do Kung Fu Panda 2, onde eu expresso um desejo de ter códigos que pudessem resumir os problemas que via nos filmes e tinha que reexplicar toda vez. Então foi quase de uma necessidade prática, de tornar os textos mais simples e claros, que foram surgindo conceitos como o do "herói envergonhado" etc, hehe. Muitos posts dessa época estão ocultos, mas gosto de deixar alguns no ar, mesmo que vagos, pra ter um registro dessas mudanças. abs!