segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Nine


Adaptação para o cinema do musical da Broadway de mesmo título, que por sua vez foi inspirado pelo filme 8 1/2 de Federico Fellini - que não era musical. O título do filme de Fellini nada tinha a ver com a história. Ele se chamava 8 1/2 pois era o oitavo filme e meio de Fellini (!). Até então ele havia dirigido sozinho 6 longas, co-dirigido outro (1/2), e dirigido 2 curta-metragens (que na cabeça do diretor equivalia a 1 longa), somando 7 1/2 no total. Não espere muito mais sentido no título do musical.

O filme tem um elenco absurdo (Daniel Day-Lewis, Marion Cotillard, Penélope Cruz, Nicole Kidman, Judi Dench, Kate Hudson, Sophia Loren e Fergie), é dirigido pelo caprichoso Rob Marshall (de Chicago e Memórias de uma Gueixa), e foi indicado a 5 Globos de Ouro incluindo o de Melhor Filme.

No entanto, foi um fracasso de crítica e de bilheteria. Não é o novo Chicago. Pra começar, a história é meio abstrata e pesada demais. Gira em torno de um cineasta em crise - não só no trabalho como em sua vida pessoal. Acho que fica difícil achar um momento apropriado pra explodir numa canção dentro de uma história como essa. Gene Kelly falava que a melhor justificativa pra se entrar numa canção é a simples expressão de alegria e paixão pela vida. Não existe muito disso aqui. Outra coisa que irrita é que a gente tem que aceitar que todas as mulheres amam Guido Contini, que Guido Contini é um gênio, que Guido Contini é tudo, mas o filme apenas nos diz isso, não mostra, não justifica. Julgando apenas pelas atitudes que eu vi no filme, Guido Contini é um homem confuso, triste, infiel, arrogante, e não o deus que tentam nos vender. Nine daria um bom drama, mas não é exatamente material pra Broadway.

Outro problema fatal: canções fracas. Apenas "Be Italian" se destaca. E a música nova "Cinema Italiano" talvez. Algumas chegam a ser constrangedoras, e isso mata qualquer musical. Num musical, é preferível ter canções excelentes e um roteiro medíocre do que o contrário.

Só com isso, já entendo por que o filme não decolou. Apesar do show de fotografia e direção de arte, fica uma sensação de vazio, de que o filme não aconteceu, de que é desnecessário.

Ainda assim, é agradável por causa do visual e dos famosos. Mas são méritos mais superficiais. Se você tiver 8 astros na tela, até propaganda eleitoral deve ficar relativamente interessante.

Nine (EUA/ITA, 2009, Rob Marshall)

INDICADO PARA: Fãs de Broadway e de produções luxuosas.

NOTA: 6.0

2 comentários:

Anônimo disse...

nossa. quanta generosidade. 4.5 no maximo. eu soh gostei do numero 'cinema italiano'e da direcao de arte e fotografia. o resto, soh me irritou.
carpe diem.

Caio Amaral disse...

É meio irritante mesmo essa bajulação toda... Ainda mais quando você pensa que o filme também feito por um diretor muito bom, e que este certamente deve se comparar ao personagem do filme em algum grau...