quinta-feira, 11 de março de 2010

Coração Louco


Parece um filme biográfico, mas na verdade Bad Blake é um personagem totalmente fictício (as canções escritas para o filme foram vagamente inspiradas nas de Don Williams e Leonard Cohen). Blake (Jeff Bridges) é um cantor e compositor de música country, já em decadência, que roda sozinho pelo país fazendo shows em boliches e em lugares de quinta categoria. O drama, filmado em apenas 24 dias, trata da sua luta com o alcoolismo, da tentativa de reanimar sua carreira e de um novo relacionamento com uma jovem jornalista (Maggie Gyllenhaal).

O filme se passa nos tempos de hoje mas tem o espírito dos anos 70. Os autores certamente gostam de filmes como Cada Um Vive Como Quer, Alice Não Mora Mais Aqui ou mesmo Nasce uma Estrela (Jeff Bridges disse ter modelado parte de seu personagem em Kris Kristofferson). Achei que eu fosse me irritar com Blake (que remete ao "lutador" de Mickey Rourke) porque costumo ficar meio nervoso vendo esses tipos acabados no cinema, ainda mais em planos fechados... Aquele monte de barba, o cabelo despenteado, as roupas largas, a voz grave de quem já aproveita o fogo de um cigarro pra acender o próximo, os problemas de saúde (ele vomita várias vezes no filme e eu tenho pavor de cena de vômito - quem costuma ir ao cinema comigo sabe que é a única coisa que me faz tapar os olhos). Mas apesar de tudo, o carisma de Bridges me fez gostar do personagem. Ele é um senhor bonito, não fica totalmente repulsivo mesmo vomitando. E o filme é sensível, maduro, e é uma história de superação, de volta por cima (apesar de não sabermos como será o final, sentimos isso nas entrelinhas), o que me faz perdoar esse retrato tão cru da decadência. O personagem de Maggie Gyllenhaal é meio antipático e tem atitudes injustas, apesar disso achei ela bem escalada (uma Natalie Portman ou uma Kirsten Dunst não convenceriam tendo um caso com Bad Blake). Mas o show mesmo é de Bridges, que injeta vida em cada cena, criando pequenos momentos e detalhes que certamente não estavam no roteiro. Ele sempre acrescenta algum gesto, alguma atitude inesperada que finaliza as cenas numa nota alta. Foi um Oscar merecido.

Vencedor de 2 Oscars: Melhor Ator (Jeff Bridges) e Melhor Canção ("The Weary Kind"). Indicado a Melhor Atriz Coadjuvante (Maggie Gyllenhaal).

Crazy Heart (EUA, 2009, Scott Cooper)

INDICADO PARA: Quem gostou de O Lutador e os clássicos que eu citei. AMIGOS: Leslie, Manoela A, Marcio L, Mariana M, Marlene, Oghan, Thiago P, Viviane S, Wellington.

NOTA: 7.5

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