sábado, 31 de julho de 2010

Salt


Angelina Jolie pode ou não ser uma espiã russa nesse filme de ação dirigido pelo competente Phillip Noyce (Jogos Patrióticos, Geração Roubada) e esta dúvida é o que mantém o nosso interesse até o final do filme (será que ela é a bandida ou a mocinha?). A trama é confusa e não muito plausível, mas as cenas de ação são bem feitas, propositalmente exageradas e não se levam a sério. Não sei se Jolie convence muito como heroína de ação, até porque ela parece pesar 20 quilos na tela (isso vai ao seu favor quando ela está saltitando em fossos de elevador com o peso de um gato, mas deixa de convencer quando ela entra numa luta de braço com vários homens ao mesmo tempo). Enfim, o filme não é grande coisa mas ainda assim é um dos melhores da carreira de Jolie, pra você ver como ela anda mal de filmografia.

Veja uma lista dos filmes mais importantes dela: O Procurado; Sr. e Sra. Smith; 60 Segundos; A Troca; Lara Croft 1 e 2; O Colecionador de Ossos; Garota, Interrompida; Roubando Vidas; Pecado Original; Gia... Agora compare com uma Nicole Kidman (De Olhos Bem Fechados; Os Outros; Dogville; As Horas) ou uma Julia Roberts (Uma Linda Mulher; Erin Brockovich; Closer; Dormindo com o Inimigo). Se Jolie não fizer 1 ou 2 clássicos em potencial em breve, ela poderá ser esquecida pela próxima geração... Vai virar um desses nomes do passado, tipo uma Romy Schneider - alguém que parece importantíssimo pros seus pais mas que você não sabe por que.

Salt (EUA, 2010, Phillip Noyce)

Orçamento: US$ 110 milhões
Bilheteria atual: US$ 103 milhões

Nota do público (IMDb): 6.7

Nota da crítica (Metacritic): 6.5


INDICADO PARA: Quem gostou de A Identidade Bourne, Triplo X, Encontro Explosivo, etc. Amigos: ???

NOTA: 6.0

terça-feira, 27 de julho de 2010

Uma semana normal na minha adolescência...



















Isso foi em 2002 na época que eu morava na Califórnia. Até ano passado eu fazia agenda e anotava todos os filmes que assistia... Depois ainda passava tudo a limpo pra uma lista do Excel que, até ano passado, tinha 3,133 filmes (organizados por ano e nota). Repare que não dei nota para o clássico Jejum de Amor (His Girl Friday) e escrevi logo abaixo "não entendi nada"! Lembro de ter ficado super irritado com os diálogos rápidos do filme que, não só eu não estava achando muita graça (também, olha o que eu tinha visto logo antes), como eram dificílimos de entender, já que era tudo sem legenda. Também é legal ver que eu dei apenas 3 estrelas pra Pink Flamingos quando vi pela primeira vez - ou seja, não foi amor à primeira vista!

sábado, 24 de julho de 2010

Os melhores piores filmes

Algumas das minhas lembranças favoritas no cinema vieram de ver esses filmes considerados bombas pela crítica, até porque quando você aluga um filme estrelado, por exemplo, pelos integrantes do Village People, não dá pra começar com muita expectativa. Ou seja, quanto "pior" o filme, maior a capacidade dele te surpreender. É por isso que eu estou sempre nas locadoras indo atrás de filmes considerados "trash"

(sem ordem de "preferência)

Sharknado (2013)
Fica difícil saber se a intenção do filme era a de ser uma comédia, ou se foi simplesmente uma evolução natural dos filmes B que o canal Syfy já vinha produzindo como Piranhaconda, Dinoshark, que não eram particularmente cômicos, apenas assumidamente "B". Mas o fato é que a ideia de um tornado de tubarões parece ter cruzado alguma a linha entre o trash e o genial, e o resultado é uma das séries mais divertidas dos últimos anos, que se supera na sequência Sharknado 2: A Segunda Onda (2014) e ainda mais em Sharknado 3: Oh, Não! (2015), talvez o melhor de todos até agora.



The Apple (1980)
Esse é o caso mais extremo da lista. Existem aqueles filmes que de tão ruins se tornam bons. The Apple é um outro fenômeno - ele é tão ruim que se torna tão bom que no fim acaba dando a volta completa e ficando ruim de novo. Só vendo mesmo para entender (veja um trecho aqui).




Eu Sei Quem Me Matou (I Know Who Killed Me, 2007)
Lindsay Lohan levou 3 prêmios de pior do ano por esse filme que parece mais o resultado de uma idéia do David Lynch realizada por Ed Wood. Inclui uma cena de ação onde Lohan se complica pois acaba a bateria de sua perna mecânica (tudo isso é levado muito a sério).



Halloween III - A Noite das Bruxas (Halloween III: Season of the Witch, 1982)
Um filme pouquíssimo conhecido e altamente insano, começando pelo fato de que é uma sequência de Halloween e NÃO tem o vilão Michael Myers na história! Como assim??? Imagine Tubarão 3 sem... o tubarão! Mas isso é apenas um detalhe perto do resto.



Can't Stop the Music (1980)
"Vencedor" do primeiríssimo Framboesa de Ouro de Pior Filme, este filme do grupo Village People é um dos mais clássicos filmes ruins de todos os tempos, mas é também agradabilíssimo, leve, tem uma trilha sonora ótima e um clipe de Y.M.C.A. que é impagável.






Supergirl (1984)
Quem não se lembra do dublador do SBT anunciando "Super-guél" no Cinema em Casa? Revi o filme há pouco tempo atrás e quer saber? É ótimo! Muito melhor do que esses filmes recentes de super-heróis, sem falar que Faye Dunaway é uma das melhores vilãs do gênero.






As Branquelas (White Chicks, 2004)
A idéia era fazer uma comédia de disfarce na tradição de Quanto Mais Quente Melhor. Mas o mais hilário é que os irmãos Wayans disfarçados de mulheres não se parecem nem um pouco com mulheres, nem mesmo mulheres horríveis... E todo mundo no filme só comenta que as meninas estão "um pouco estranhas".




Orca - A Baleia Assassina (Orca, 1977)
Esta pérola é o caso mais espetacular de um filme tão mal feito que se torna excelente. Ao contrário de Primitivo, que sabe que é engraçado, aqui nada é proposital, nada é auto-consciente - eles realmente acreditavam estar fazendo o novo Tubarão. Assista sem falta e NÃO PERCA a canção nos créditos finais (procure a letra na internet se for possível).



Mamãezinha Querida (Mommie Dearest, 1981)
Ganhou 5 Framboesas em 1982 e foi eleito Pior Filme da Década em 1990. É caricato? Sim. É exagerado? Muito. É de mau gosto? É. É também visceral, hipnótico, divertidíssimo e informativo, já que conta a história verídica (ou quase) de Joan Crawford. Faye Dunaway arrasa numa das performances mais inesquecíveis do cinema (veja um trecho aqui).



Xanadu (1980)
Outro clássico da Framboesa (aliás, dizem que inventaram esse prêmio em 1980 justamente por causa de Xanadu e Can't Stop the Music). O que é único em Xanadu é essa mistura do trash com o talento de Gene Kelly, Olivia Newton-John, do coreógrafo Kenny Ortega, além da fantástica trilha-sonora (que foi um grande sucesso apesar do fracasso do filme)... É inegável a precariedade do roteiro, da direção. Por outro lado, o filme é tão alegre, tão ingênuo e a música é tão boa que fica difícil de resistir. Os defeitos acabam sendo perdoados e o resultado é essa coisa maluca, sem categoria, que não resiste a uma grande análise estética, mas que é um dos filmes mais mágicos e inocentes já feitos.


CONFIRA OUTRAS LISTAS:

Os melhores filmes de terror
Os melhores filmes de comédia
Os melhores filmes românticos
Os melhores filmes de ficção-científica
Os melhores piores filmes
Os melhores filmes de suspense
Os melhores musicais do cinema
Os melhores filmes cult
Os melhores filmes brasileiros
Os melhores filmes de natal
Os melhores filmes gays
Os melhores filmes para a família
100 Grandes Filmes
Os Piores Filmes
Netflix - Os Melhores Filmes

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Following - o primeiro filme de Christopher Nolan


Assisti ontem pela primeira vez Following - o primeiro longa de Christopher Nolan, já me preparando pra estréia de A Origem (a Ana Maria Bahiana comentou no blog dela que a "semente" de A Origem estava neste filme - fiquei curioso e resolvi pegar o DVD finalmente). O filme, de baixíssimo orçamento e em preto e branco, conta a história de um jovem escritor que sai pelas ruas seguindo estranhos, só pelo prazer de observar a vida dos outros (o filme foi feito em 1998; ainda não existiam redes sociais pra se fazer isso de casa). No processo ele conhece um ladrão e os dois começam a invadir casas juntos e a fazer alguns furtos.

Além da trama ser meio confusa e cheia de reviravoltas, o filme é contado em 3 tempos diferentes - só sabemos que mudou a linha do tempo porque muda o corte de cabelo do protagonista, a barba, ou surge um machucado em seu lábio superior. Ou seja, o filme também é a origem de Amnésia. A diferença é que em Amnésia, a não-linearidade da história estava justificada no conteúdo do filme, que contava a história de um homem que não consegue criar memórias recentes. Lá, havia todo um propósito em inverter a ordem dos fatos. Aqui, isso é apenas um truque de direção (se eu quero contar a história de um homem que vai até a padaria e compra cigarros, mas resolvo mostrar primeiro ele pagando pelos os cigarros, depois ele caminhando até a padaria, e finalmente ele em casa se dando conta de que acabaram os cigarros, a história não se transformará magicamente em algo mais profundo do que "homem compra cigarros").

O filme parte de uma boa premissa, mas logo se transforma em apenas um quebra-cabeça cinematográfico - um quebra-cabeça que, depois de montado, não forma uma figura particularmente interessante.

(ING, 1998, Christopher Nolan)

segunda-feira, 19 de julho de 2010

O que esperar de A Origem?


Essa semana estreou nos EUA A Origem, o novo filme do diretor e roteirista Christopher Nolan, autor de Amnésia, O Grande Truque e Batman - O Cavaleiro das Trevas. O filme faturou mais de US$ 60 milhões no fim de semana (ótimo para uma não-sequência), recebeu críticas eufóricas (tem gente falando em obra-prima, comparando o filme a 2001: Uma Odisséia no Espaço...) e já está em # 3 no ranking do IMDb dos melhores filmes de todos os tempos (dos 7 filmes que Nolan fez, apenas 2 não estão no top 250, tornando ele o diretor mais adorado da atualidade). Já tinha achado o trailer ótimo; agora então, posso dizer que é o filme mais aguardado do ano.

Ao mesmo tempo, estou com uma pulga atrás da orelha. Talvez por causa do próprio histórico de Nolan... Batman Begins, O Grande Truque, O Cavaleiro das Trevas - todos filmes exaltados pelo público e que eu considero superestimados, por razões parecidas. Enfim, vou ser otimista e esperar um novo Matrix - um thriller de primeira, cheio de idéias novas, efeitos espetaculares, e que será um marco na cultura pop. Mas meu lado chatinho também me prepara pra mais um desses filmes vigaristas que desarmam a platéia com 1 ou 2 sacadas inteligentes, reviravoltas confusas, e conseguem escapar sem mostrar nada de real valor. A hipótese de um novo 2001 por enquanto vamos deixar de lado...

domingo, 18 de julho de 2010

À Prova de Morte


Foi feito antes de Bastardos Inglórios, mas só saiu agora no Brasil este filme de Tarantino que nos EUA era exibido nos cinemas junto com Planeta Terror de Robert Rodriguez, numa sessão dupla intitulada Grindhouse. Ou seja, você ía ao cinema, pagava 1 único ingresso e assistia 2 filmes seguidos - ambos paródias (ou homenagens, como quiser) de filmes trash dos anos 70. A idéia se provou ousada demais pro público médio e os produtores resolveram lançar os filmes separados no exterior. Bom pra Tarantino, que "roubou" no jogo e fez um filme de verdade, ruim pra Rodriguez, que tinha nas mãos o que parecia mais um trailer de 1h40 - um filme de 1 piada só.

Já vi À Prova de Morte 3 vezes e sempre acho interessante como o filme começa como uma paródia, mas aos poucos vai ganhando autenticidade, vai mostrando seus próprios méritos, até que se torna um filme real, com um drama interessante pra plateia. Até num nível técnico isso fica evidente - o filme começa cheio de "falhas" e sujeiras na imagem, simulando um filme antigo, mas na parte final já está completamente limpo, com cara de filme novo. É brilhante pois é a única forma de manter o interesse do público por mais de 1 hora... A platéia precisa de um mínimo de vínculo com os personagens pra não perder a paciência. Paródias podem ser divertidas, mas só aguentam por um certo tempo (por isso filmes como Borat ou Kick-Ass ficam vazios e entediantes depois da primeira meia hora).

Death Proof (EUA, 2009, Quentin Tarantino)

Orçamento: US$ 67 milhões (Grindhouse)
Bilheteria: US$ 25 milhões (Grindhouse)

Nota do público (IMDb): 7.2

Nota da crítica (Metacritic): 7.7 (Grindhouse)


INDICADO PARA: Quem gostou de Kill Bill, O Albergue, e filmes cults e trash como Faster, Pussycat! Kill! Kill!, Ilsa - A Guardiã Perversa da SS, etc. E também pra fãs de carros (prepare-se para algumas das batidas e perseguições mais espetaculares do cinema). AMIGOS: Diego E, Givago, Tiffany, Thiago P, Mariana M, Rafa V, Laura, Fernando A, Saulo.

NOTA: 8.5

quinta-feira, 15 de julho de 2010

A Estrada


Baseado no livro de Cormac McCarthy, o mesmo autor de Onde os Fracos Não Têm Vez, o filme se passa num futuro pós-apocalíptico onde um homem e seu filho (não são ditos os nomes dos personagens) perambulam por um planeta devastado sem nenhum objetivo, apenas tentando comer e não serem comidos pelos canibais.

Ou seja, é O Livro de Eli tudo outra vez, só que agora no lugar de trama e ação, nós temos "humanidade" e auto-piedade. Coloco aspas em humanidade porque, tendo visto o making-of, sei que essa era a intenção dos autores - mostrar como as pessoas preservam sua humanidade num mundo maligno (algo ligeiramente superior a filmes como Ensaio Sobre a Cegueira ou O Nevoeiro, que inventam um mundo maligno na tentativa de justificar o comportamento perverso de certas pessoas).

O problema é que a noção de humanidade de A Estrada é um pouco diferente da minha. A idéia de humanidade em situações extremas pra mim é bem retratada em A Lista de Schindler por exemplo, onde um oficial alemão salva a vida de 1200 trabalhadores judeus. Ou, numa escala menor, em A Vida É Bela. Aqui, "humanidade" parece ser sinônimo de imundice, desespero e vômito. Há 1 ou 2 atos de caridade, que é algo diferente, como por exemplo quando o homem e seu filho dão de comer a um senhor de idade (Robert Duvall irreconhecível), mas estes atos são anulados por outros, como quando Viggo Mortensen rouba e humilha um homem negro de maneira desnecessária e o deixa completamente nu no meio da rua.

Mesmo se você enxergar o filme como uma história de amor entre pai e filho (como o próprio diretor John Hillcoat enxerga), ele não vale muito, já que em pelo menos 2 ocasiões Viggo Mortensen ensaia dar um tiro na cabeça do garoto (ele viaja com 1 revólver e 2 balas, uma pra ele e outra pro filho, caso a situação piore - o pai chega a dar instruções diretas ao menino de como atirar na própria boca). E quando o menino acorda de um pesadelo, o pai o conforta dizendo "Quando temos pesadelos, quer dizer que ainda estamos vivos, que estamos lutando; quando temos sonhos bons é que devemos começar a nos preocupar". Isso tudo é dito com os dois sentados sob uma janela que tem o formato de um crucifixo.

Ou seja, não é o meu estilo de filme. Não é ruim, mas nada acontece, não há história, não há conteúdo, fica apenas uma sensação vaga de parábola e misticismo.

The Road (EUA, 2009, John Hillcoat)

Orçamento: US$ 25 milhões
Bilheteria: US$ 26 milhões
Nota do público (IMDb): 7.5
Nota da crítica (Metacritic): 6.4

INDICADO PARA: Quem gostou de O Livro de Eli, Filhos da Esperança, O Nevoeiro, Ensaio Sobre a Cegueira, Onde os Fracos Não Têm Vez, etc. AMIGOS: Nenhum.

NOTA: 4.5

terça-feira, 13 de julho de 2010

Shrek Para Sempre


Sempre fui "do contra" em relação a Shrek e já não gostei muito do primeiro filme. Pra mim eles não passam de um amontoado de menções culturais disfarçadas de humor (colocar uma cena onde ogros lutam no ar com efeitos de Matrix NÃO é um tipo de humor; qualquer referência feita a um outro filme só pela "graça" da referência, sem nenhum significado extra naquilo a não ser o ato da referência, não pode ser considerada uma forma válida de humor).

A boa notícia é que este 4º Shrek foge da fórmula dos filmes anteriores e consegue se sustentar sem as citações gratuitas, mas com uma história interessante e personagens verdadeiros. A trama foi chupada diretamente do clássico A Felicidade Não Se Compra, mas acho que isso não será problema pras crianças que certamente nunca viram o filme (meu único receio é que depois de crescidas elas irão assistir ao clássico e pensar "Nossa, é igualzinho Shrek!"). A má notícia é que eu acho que as pessoas que amaram os primeiros Shreks e fizeram deles um fenômeno de bilheteria não irão se empolgar tanto com este capítulo - temo que a série deva seu sucesso justamente aos seus não-méritos; às piadas de ogros lutando Matrix.

De qualquer forma, achei este o melhor filme da série, embora a mensagem seja extremamente duvidosa: Shrek está em crise com Fiona, já não vê mais sentido em sua vida, seus filhos só lhe dão trabalho - tudo caiu na rotina e na monotonia. Ele tenta escapar por 1 dia disso tudo, mas cai na armadilha de um feiticeiro e vai parar num mundo paralelo terrível, onde ele nunca nasceu, Fiona não o conheceu, não tiveram filhos, seus amigos não sabem quem ele é, etc. No fim ele volta pra sua realidade feliz e satisfeito, passando a dar valor à sua mediocridade (soa familiar?).

Este filme foi feito pelo tipo de pessoa que, quando te vê triste, diz algo do tipo "você tem tanta sorte, pense nos cegos e nos famintos". Isto faria sentido caso não existissem também os saudáveis e milionários - por que Shrek não foi transportado pra uma realidade paralela onde ele se vê com uma esposa muito mais feliz, filhos comportados, amigos interessantes? Seria um exemplo igualmente válido. Ao dizer que você deve se contentar com o que já tem e não tentar melhorar, o filme está ignorando a necessidade psicológica do ser humano de estar em constante progresso. Ele acredita que a vida só começa naquele dia inexistente em que você já terá conquistado tudo o que queria, já terá trabalhado o suficiente, já terá usado o cérebro o bastante - quando sua felicidade será garantida automaticamente e a vida não exigirá mais esforços.

Shrek Forever After (EUA, 2010, Mike Mitchell)

Orçamento: US$ 165 milhões
Bilheteria atual: US$ 443 milhões (senhor!)
Nota do público (IMDb): 6.7
Nota da crítica (Metacritic): 5.8

INDICADO PARA: Fãs da série, quem gostou de Kung Fu Panda, Madagascar, etc.

NOTA: 6.0

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Encontro Explosivo


Cameron Diaz faz uma mulher comum que pega um avião pra ir ao casamento de sua irmã mas no meio da viagem tromba com Tom Cruise, um agente secreto que acaba matando todo mundo na aeronave (incluindo os pilotos) e a envolve numa aventura ao redor do mundo cheia de perseguições de carros, tiros e explosões. A trama gira em torno de uma valiosa invenção de um estudante - uma pequena peça do tamanho de uma pilha que é uma fonte inesgotável de energia; uma bateria capaz de abastecer uma cidade inteira. Mas isso é apenas o MacGuffin - um pretexto para a ação que a platéia não precisa se importar (aliás, este é um exemplo muito melhor de filme "hitchcockiano" do que por exemplo O Escritor Fantasma - temos grandes astros do cinema, MacGuffin, pessoas comuns em situações extraordinárias, cenas de ação em pontos turísticos, humor, romance... por que os críticos não falam isso no jornal?).

Se tivesse sido lançado há 15, 20 anos atrás, o filme seria apenas mais uma fita de ação divertida e despretensiosa, dessas que saíam toda semana. Hoje, com a cultura americana meio perturbada, o filme se destaca e ganha um valor especial, como um copo d'água no meio da seca. Diaz e Cruise estão impecáveis (ele pode ser o doido que for na vida real, mas no cinema ele ainda é O CARA e tem os meus aplausos) e o filme é todo redondo e bem integrado, sem esses problemas de conceito e as confusões morais que eu vivo falando. Não é um grande filme, mas é um entretenimento de verdade, íntegro, que ao contrário de outros filmes de ação que saíram este ano (Homem de Ferro 2, Esquadrão Classe A, etc) restaura a função original do gênero - celebrar, de uma maneira estilizada, o espetáculo da eficácia humana.

Knight and Day (EUA, 2010, James Mangold - diretor de Garota, Interrompida e Johnny & June)

Orçamento: US$ 117 milhões

Bilheteria atual: US$ 100 milhões

Nota do público (IMDb): 6.7

Nota da crítica (Metacritic): 4.6


INDICADO PARA: Quem gostou da série Duro de Matar, As Panteras, True Lies, etc. AMIGOS: Felipe E, Fernando A, Márcio B, Mázio, Rafa V, Tiffany.

NOTA: 7.0

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Os melhores filmes de ficção-científica

Certamente um dos meus gêneros favoritos, pois é aqui que a ciência se encontra com a imaginação, onde a lógica se encontra com a fantasia e onde os sonhos se tornam realidade. Não vou incluir filmes como Laranja Mecânica ou Doutor Fantástico que me parecem mais dramas políticos do que sci-fi mesmo. Também não vou incluir filmes como E.T. ou Superman que estão um pouco mais próximos de aventura e fantasia.

(sem ordem de preferência)


O Planeta Proibido (Forbidden Planet, 1956)
Criativíssimo e ao mesmo tempo altamente inteligente e filosófico, soa pra mim como um ensaio de "2001" - sem a técnica, sem o estilo, mas com o mesmo nível de idéias. Fica representando outros clássicos dos anos 50 como O Dia Em que A Terra Parou, Vampiros de Almas, A Mosca da Cabeça Branca e O Monstro do Ártico.



O Planeta dos Macacos (Planet of the Apes, 1968)
Mesmo já conhecendo o final que é um dos mais famosos do cinema, vale a pena ver esse grande clássico que é um dos mais originais e bem escritos do gênero.




Contato (Contact, 1997)
Pra mim tinha que ter sido indicado ao Oscar esse incrível trabalho de Robert Zemeckis baseado no livro de Carl Sagan. É o filme mais científico já feito sobre extra-terrestres - e ao mesmo tempo é extremamente pessoal, com conflitos envolventes e muita discussão filosófica.



Guerra nas Estrelas (Star Wars, 1977)
Talvez o maior fenômeno pop do cinema, me deixa toda vez de queixo caído pela quantidade de invenções e idéias originais, ainda que tudo esteja fundado na mitologia e em conceitos bem tradicionais de drama.






Jurassic Park - Parque dos Dinossauros (Jurassic Park, 1993)
Foi uma revolução dos efeitos especiais, quase o que King Kong representou em 1933. Quem era criança ou adolescente na época sem dúvida guarda o filme num lugar especial da memória.





O Exterminador do Futuro 2 - O Julgamento Final (Terminator 2: Judgement Day, 1991)
As idéias estavam todas já no primeiro Exterminador, mas aqui James Cameron leva tudo ainda mais longe - e com muito mais dinheiro e recursos pra realizar sua visão. A sequência do caminhão e da motocicleta no canal ainda é minha cena de perseguição favorita.



Contatos Imediatos do Terceiro Grau (Close Encounters of the Third Kind, 1977)
Primeiro filme sério sobre OVNIS e um dos filmes mais mágicos de Spielberg. Assim como ele fez em E.T. alguns anos depois, Spielberg faz primeiro com que os aliens pareçam monstruosos e aterrorizantes, pra no final transformá-los em criaturas dóceis e benevolentes. Mais do que um filme sobre vida extraterrestre, é um filme sobre ser independente e acreditar nos seus sonhos. 



Aliens - O Resgate (Aliens, 1986)
James Cameron mostra todo o seu talento nessa sequência de Alien - O 8º Passageiro (de Ridley Scott, que também poderia estar aqui), usando a mesma estratégia que usou na sequência de Terminator - repita as boas idéias, introduza coisas novas e surpreendentes, e faça tudo muito maior e mais barulhento. Show de Sigourney Weaver, indicada ao Oscar de Melhor Atriz.



Trilogia - De Volta para o Futuro (Back to the Future, 1985)
Foi o filme favorito da minha adolescência e continua tão bom quanto quando foi lançado. Uma mistura extraordinária de inteligência, entretenimento, cultura pop, música e nostalgia. O roteiro foi indicado ao Oscar e é um desfile de ideias geniais do início ao fim.



2001 - Uma Odisséia no Espaço (2001: A Space Odyssey, 1968)
Um divisor de águas pra ficção-científica, pros efeitos especiais e pro cinema. É um milagre que alguém com idéias tão ousadas e um estilo tão pouco comercial como Kubrick tenha tido a liberdade e os recursos pra criar um filme desse porte.



OUTRAS ÓTIMAS FICÇÕES:

- A Mosca da Cabeça Branca (The Fly, 1958)
- Viagem ao Centro da Terra (Journey to the Center of the Earth, 1959)
- No Mundo de 2020 (Soylent Green, 1973)
- O Império Contra-Ataca (The Empire Strikes Back, 1980)
- Mad Max 2 (1981)
- Blade Runner - O Caçador de Andróides (1982)
- Jornada nas Estrelas 2 - A Ira de Khan (Star Trek: The Wrath of Khan, 1982)
- O Exterminador do Futuro (The Terminator, 1984)
- A Mosca (The Fly, 1986)
- O Segredo do Abismo (The Abyss, 1989)
- Independence Day (1996)
- O Mundo Perdido - Jurassic Park (The Lost World, 1997)
- O Show de Truman - O Show da Vida (The Truman Show, 1998)
- Matrix (1999)

PÓS ANO 2000:

- Minority Report - A Nova Lei (2002)
- Guerra dos Mundos (War of the Worlds, 2005)
- WALL-E (2008)
- Avatar (2009)
- Star Trek (2009)
- Jogos Vorazes (The Hunger Games, 2012)
- Prometheus (2012)
- Além da Escuridão: Star Trek (Star Trek Into Darkness, 2013)
- Oblivion (2013)
- Gravidade (Gravity, 2013)
- Ela (Her, 2013)
- No Limite do Amanhã (Edge of Tomorrow, 2014)

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segunda-feira, 5 de julho de 2010

Brilho de uma Paixão


Da diretora Jane Campion (O Piano), foi indicado ao Oscar de melhor figurino e mostra o romance entre o poeta britânico romântico John Keats e sua única grande paixão, Fanny Browne, uma garota comum que nada entendia de poesia e ficou ao lado dele até sua morte por tuberculose aos 25 anos de idade.

Todo mundo sabe que é um perigo tentar traduzir poesia para cinema; cinema é uma arte visual - colocar um ator lendo um texto apaixonadamente em frente à câmera é o equivalente cinematográfico a uma página em branco (pessoalmente, nunca gostei nem valorizei poesia, o que torna a tentativa ainda menos interessante - adoraria sentar um dia com alguém que entende do assunto e ter uma boa discussão). A paixão platônica entre Keats e Browne é outra coisa que o filme não consegue traduzir muito bem pra platéia. Os melhores filmes românticos são sempre interativos; a história é contada de uma forma que a gente sofre, vibra, se emociona junto com os personagens. Aqui, as coisas são vividas pela platéia com um envolvimento absolutamente jornalístico (e não é culpa dos atores, que estão todos muito bem).

Se pelo conteúdo o filme não empolga, pelo menos é tudo muito bem realizado e visualmente gratificante. Ironicamente, o melhor que o filme tem a oferecer são algumas imagens belíssimas de natureza (como a do pôster), nos momentos em que os personagens estão apenas caminhando e vivendo o amor na luz do sol - de boca fechada.

Bright Star (ING/AUS/FRA, 2009, Jane Campion)

Orçamento: US$ 8.5 milhões

Bilheteria: US$ 12 milhões

Nota do IMDb (público): 7.2

Nota do Metacritic (crítica): 8.1


INDICADO PARA: Difícil de definir, o filme está naquela zona cinza entre arte e entretenimento onde ele não é nem um, nem o outro. Acho que pra quem gostou de Sylvia - Paixão Além de Palavras ou Moça com Brinco de Pérola.

NOTA: 6.0

sábado, 3 de julho de 2010

Cartas para Julieta

Este filme é uma ilustração clara do culto à dor que tem dominado o entretenimento. Por trás dessa aparência bobinha de comédia romântica adolescente, Cartas para Julieta é uma competição pra ver quem sofre mais, um festival de submissão, fraqueza, passividade, que confunde ainda mais as mentes das meninas adolescentes.

Por exemplo: num diálogo inacreditável, o personagem de Christopher Egan reclama para sua avó (a bonitona Vanessa Redgrave) que a garota Amanda Seyfried "não sabe realmente o que é perda", como se perda fosse algum tipo de virtude e ela não fosse digna de ser amada se não tivesse sofrido tanto quanto ele. Pra valorizar a menina, Redgrave responde "não, você está enganado, ela foi abandonada pela mãe quando era criança". Egan não se impressiona, afinal os seus pais morreram num desastre automobilístico (ou seja, ele é um "sofredor" muito maior que ela). Mas Redgrave insiste "você perdeu os seus pais, mas pelo menos sempre soube que eles te amavam - a mãe dela ESCOLHEU abandoná-la". Aha! Agora, convencido de que a menina sabia sofrer de verdade, ele passa a admirá-la um pouco mais (!).

Amanda também vai se encantando aos poucos com a capacidade de Egan de se sacrificar - a princípio ela acha que ele é um "esnobe de Oxford", mas quando descobre que não, que ele faz caridade, trabalhos voluntários (não muito convincente vindo de um cara que está dirigindo pela Toscana num carrão e bebendo dos melhores vinhos), algo brilha nos olhos dela. Ela também acha "fofo" que ele abriu mão de fazer outras viagens, de seguir seus interesses, pra cuidar dos problemas amorosos da avó. O filme insiste do começo ao fim na idéia de que auto-sacrifício e sofrimento são grandes virtudes. Mas o mais prejudicial (considerando que o público do filme é de meninas jovens ainda sem idéias muito formadas) é que o filme mostra que amor e pena são coisas parecidas (ao contrário de amor e admiração). Segundo o filme, a imagem de uma pessoa digna de ser amada é alguém choramingando, se rastejando e implorando por misericórdia.

Apenas Vanessa Redgrave e as paisagens bonitas ajudam um pouco.

Letters to Juliet (EUA, 2010, Gary Winick)

INDICADO PARA: Quem gostou de Sob o Sol da Toscana, Querido John, etc.

NOTA: 4.5