terça-feira, 13 de julho de 2010

Shrek Para Sempre


Sempre fui "do contra" em relação a Shrek e já não gostei muito do primeiro filme. Pra mim eles não passam de um amontoado de menções culturais disfarçadas de humor (colocar uma cena onde ogros lutam no ar com efeitos de Matrix NÃO é um tipo de humor; qualquer referência feita a um outro filme só pela "graça" da referência, sem nenhum significado extra naquilo a não ser o ato da referência, não pode ser considerada uma forma válida de humor).

A boa notícia é que este 4º Shrek foge da fórmula dos filmes anteriores e consegue se sustentar sem as citações gratuitas, mas com uma história interessante e personagens verdadeiros. A trama foi chupada diretamente do clássico A Felicidade Não Se Compra, mas acho que isso não será problema pras crianças que certamente nunca viram o filme (meu único receio é que depois de crescidas elas irão assistir ao clássico e pensar "Nossa, é igualzinho Shrek!"). A má notícia é que eu acho que as pessoas que amaram os primeiros Shreks e fizeram deles um fenômeno de bilheteria não irão se empolgar tanto com este capítulo - temo que a série deva seu sucesso justamente aos seus não-méritos; às piadas de ogros lutando Matrix.

De qualquer forma, achei este o melhor filme da série, embora a mensagem seja extremamente duvidosa: Shrek está em crise com Fiona, já não vê mais sentido em sua vida, seus filhos só lhe dão trabalho - tudo caiu na rotina e na monotonia. Ele tenta escapar por 1 dia disso tudo, mas cai na armadilha de um feiticeiro e vai parar num mundo paralelo terrível, onde ele nunca nasceu, Fiona não o conheceu, não tiveram filhos, seus amigos não sabem quem ele é, etc. No fim ele volta pra sua realidade feliz e satisfeito, passando a dar valor à sua mediocridade (soa familiar?).

Este filme foi feito pelo tipo de pessoa que, quando te vê triste, diz algo do tipo "você tem tanta sorte, pense nos cegos e nos famintos". Isto faria sentido caso não existissem também os saudáveis e milionários - por que Shrek não foi transportado pra uma realidade paralela onde ele se vê com uma esposa muito mais feliz, filhos comportados, amigos interessantes? Seria um exemplo igualmente válido. Ao dizer que você deve se contentar com o que já tem e não tentar melhorar, o filme está ignorando a necessidade psicológica do ser humano de estar em constante progresso. Ele acredita que a vida só começa naquele dia inexistente em que você já terá conquistado tudo o que queria, já terá trabalhado o suficiente, já terá usado o cérebro o bastante - quando sua felicidade será garantida automaticamente e a vida não exigirá mais esforços.

Shrek Forever After (EUA, 2010, Mike Mitchell)

Orçamento: US$ 165 milhões
Bilheteria atual: US$ 443 milhões (senhor!)
Nota do público (IMDb): 6.7
Nota da crítica (Metacritic): 5.8

INDICADO PARA: Fãs da série, quem gostou de Kung Fu Panda, Madagascar, etc.

NOTA: 6.0

4 comentários:

Laura disse...

Tipo eu que vi "10 coisas que odeio em você" antes de saber que sequer existia A Megera Domada.

Caio Amaral disse...

Heheh... Eu mesmo não posso falar muito pq quando vi A Felicidade Não Se Compra achei super parecido com De Volta para o Futuro 2, kkkk. E quando a gente assiste E o Vento Levou pela primeira vez e escuta o tema da Dona Florinda e do Prof. Girafales?

Laura disse...

aaaaaaaaaahahahahaha

verdade!

mas qdo eu vi o filme já até sabia.

meu cunhado, que é uruguaio e assiste chaves desde os anos 70, ficou chocado de saber disso, pq lá não é o tema.

Caio Amaral disse...

Não creio..! Além de dublar eles também alteram a trilha sonora?? Gennte... O tema de abertura eu até imaginava, mas isso é parte integrante da história!
AH, vê se posta esses comentários logada pra registrar no "Top Commentators", rsss.