segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A Origem


Sucesso de crítica, o filme já faturou quase meio bilhão de dólares no mundo todo e continua em 3º lugar no IMDb na lista dos melhores filmes de todos os tempos. Assim como o último filme de Nolan, Batman - O Cavaleiro das Trevas, acho que é o mais próximo que podemos chegar de uma unanimidade de público nos dias de hoje.

Infelizmente vou ter que discordar de 95% da população e dizer que acho o filme apenas razoável. Acho também ele superficial e manipulador, no mau sentido. Achei um saco ver o filme? Não. Adoro ir ao cinema e nunca vou me entediar com grandes estréias, super produções e filmes ambiciosos. Dou ao filme este crédito (assim como dou a 2012 este crédito), mas em relação ao conteúdo, tudo me soa um pouco como enganação.

"Ah, mas você não achou a trama super inteligente?"

Pra começo de conversa, o filme não explica como é possível entrar no sonho de uma outra pessoa (aquelas cordinhas ligadas no braço não esclarecem nada). O filme é ficção-científica ou pura fantasia nesse aspecto? Mas vamos supor que eles tivessem explicado. Ok, DiCaprio simplesmente pode entrar no sonho de alguém, assim como Ashton Kutcher simplesmente pode viajar no tempo em Efeito Borboleta sem maiores explicações.

Agora vem o problema de que sonhos não se parecem em nada com o que o filme apresenta. Nada é tão previsível, mecânico e calculável como o filme propõe. É preciso que a gente aceite uma versão extremamente simplificada, infantil, pra não dizer ofensiva, do subconsciente humano. Mas vamos perdoar isso e deixar Nolan estabelecer as regras pra contar sua história.

Bem, o problema é que as regras nunca são estabelecidas. Ele vai expondo novas regras ao longo do filme inteiro, e a gente vai só acompanhando tudo passivamente, sem poder usar nossa própria inteligência pra acompanhar o enredo. Qualquer coisa vale. Em Matrix, por exemplo, havia uma regra nonsense de que pra acordar da simulação eles tinham que atender um telefone - não faz sentido, mas a partir do momento em que a regra era estabelecida, não havia qualquer dúvida. Podíamos usar isso pra entender e prever a mecânica da história.

Não há clareza o suficiente em A Origem pra podermos acompanhar o enredo e tirar qualquer satisfação disso. E não há suspense quando não se conhece as regras.

Pra que serve exatamente a música da Edith Piaf? Eles não acordam quando têm aquela sensação de queda dentro do sonho? Mas quando o furgão bate na água, isso na verdade é uma sensação de impacto, não de queda. Então impacto também vale? E se você morre no sonho, você morre na realidade? Hmmm... Se você estiver drogado, talvez. Quem sabe... Talvez não.

Isso inclusive cria um outro problema no filme: cenas de ação em sonhos não geram a menor tensão. É ridículo achar que a platéia irá temer pela vida do mocinho num tiroteio dentro de um sonho. A não ser que fique bem claro que, se você morrer no sonho, você sem dúvida morre na vida real - e ainda assim isso teria que ser justificado e pontuado cena a cena (em Matrix isso era perfeitamente estabelecido - os personagens até cuspiam sangue de verdade enquanto estavam apanhando no sonho - tínhamos uma noção específica do perigo que eles corriam).


A gente acompanha o filme sem nunca saber exatamente o que aconteceu, o que está acontecendo e o que pode acontecer. Minha sensação é de que o filme funciona muito na base da culpa - da vergonha secreta das pessoas de não se sentirem inteligentes o bastante pra acompanharem o raciocínio do filme. Elas pensam "deve ser inteligente, afinal eu não estou entendendo nada". Mas com um pouco mais de confiança, elas pensariam "se eu que tenho uma mente completamente lúcida e saudável não sei o que está acontecendo, então o problema é do filme".

Agora vamos esquecer toda a falta de clareza e lógica da história. Mesmo que tudo fosse muito bem explicado tim-tim por tim-tim, duvido que o filme teria sido muito melhor, porque a história em si não tem muita força. Será que aceitar esse trabalho era realmente a única forma de Leonardo DiCaprio voltar para os seus filhos? A situação é imprescindível? Será que eu me identifico o suficiente com o personagem pra me importar por ele? E quanto a sua missão? Há grandes escolhas envolvidas? Conflitos morais? Será que eu me importo se DiCaprio vai cometer o crime, implantar a idéia na mente de Cillian Murphy, da mesma forma que eu me importava se Michael Corleone iria ou não matar os 2 mafiosos na cena do restaurante em O Poderoso Chefão? E quanto a sua esposa? Será que eu sei qualquer coisa a respeito dela pra poder me importar? E sobre os filhos? NÃO pra tudo isso. O que fica é só uma sensação vaga e superficial de que o amor é "poético", e de que a vida é trágica e "profunda".

Mas Nolan é um mestre da persuasão, e ele passa uma rasteira intelectual na platéia (que até então poderia se queixar da falta de sentido da história) com um argumento falso, porém muito sedutor, de que a realidade não é concreta, de que a razão é relativa, de que nossa percepção é uma miragem, de que não adianta tentar entender nada - inclusive o próprio filme, afinal a vida é tão misteriosa... E tudo aquilo que ficou mal escrito no filme é subitamente esquecido e perdoado pelo espectador.

A Origem é um filme irracional cujo objetivo é sancionar a irracionalidade, e ele conta justamente com a confusão da platéia pra fazer sentido. Não deixa de ser brilhante de uma maneira meio perversa.

O interessante é que um filme com essa história e essa filosofia (que a realidade é subjetiva) SÓ poderia ser ele em si confuso e complicado. Afinal a produção de um filme (ou melhor, a produção de um BOM filme) exige tanto conhecimento do mundo real e do funcionamento da mente, que seria improvável alguém fazer um bom filme cuja mensagem é justamente a de que "não há lógica nas coisas". Um artista que acredita que 2+2 pode ser 5, usará o mesmo cérebro que chegou a essa conclusão pra escolher as melhores posições de câmera, a melhor iluminação pra cada cena, pra escrever os diálogos, criar os personagens, definir o tema do filme, e sem dúvida sairá tudo um lixo. A criação de um filme exige tanta confiança na realidade, que apenas por acidente um bom filme poderia ser feito por alguém que negue esta realidade. Assim como apenas por "sorte" um prédio pode ser erguido por um arquiteto que negue a existência da gravidade. Que um médico poderia fazer um bom parto achando que bebês vêm de cegonhas. Ou que um mágico poderia fazer um bom número de adivinhação acreditando realmente em telepatia.

No fim das contas, organizando toda a bagunça, o que sobra em A Origem é a seguinte mensagem: "não implante idéias artificialmente na cabeça das pessoas que você ama, mesmo que seja para tentar salvá-las, pois elas podem acabar se matando e depois você se sentirá culpado, mesmo não tendo feito nada por mal". Se isso for interessante pra você, então talvez o filme seja melhor do que eu imagino.

Inception (EUA, 2010, Christopher Nolan)

Orçamento: US$160 milhões
Bilheteria atual: US$477 milhões
Nota do público (IMDb): 9.2
Nota da crítica (Metacritic): 7.4

INDICADO PARA: Quem gostou de Ilha do Medo, O Grande Truque, Batman - O Cavaleiro das Trevas, Amnésia. AMIGOS: Todos.

NOTA: 6.5

34 comentários:

Laura Catta Preta disse...

Eu achei o filme muito claro, muito tenso e comprei a idéia de compartilhamento de sonho sem ela ser explicada.
Porque é assim que os melhores filmes de ficção científica funcionam.

O que eu não entendi foi a comparação entre o diretor, o médico/arquiteto e o mágico. São trabalhos totalmente diferentes, principalmente as coisas que vc pos a serem ignoradas.

Anônimo disse...

Resenha realista de um filme impressionista.

Anônimo disse...

Eu queria muito adorar esse filme. Fiquei encantado com os trailers e pra mim a expectativa era grande. Acabei me decepcionando porque no fim fiquei um pouco entediado com tdo, chega uma hora que nada faz absolutamente nenhum sentido. Aí fica díficil vibrar com os momentos de ação, ou mesmo o drama. Apesar disso achei o filme muito bem feito, com imagens muito interessantes, mas elas acabam devendo justamente por não ter sentido nenhum. É o tipo de filme q faz as pessoas se sentirem inteligentes (e não burras). Enfim...esse filme tem cara de Oscar. Vamos ver...

Leonardo de Jesus disse...

Concordo com a sua crítica. Quando as regras não são claras e mudam a todo momento a emoção fica comprometida. Parece que os personagens estão sempre no limite e de repente alguém tira uma nova carta da manga e resolve o problema. Mas tudo que você consegue pensar é: "ele podia fazer isso?".
Até gostei do filme, mas ele está longe de ser genial.

Caio Amaral disse...

Lauritaa... Quis dizer que todo bom profissional tem que ser meio "cético" em relação ao seu ofício. Um artista lida com a mente. Portanto, quanto melhor ele compreender a mente, melhor artista ele será - e menor será a chance dele acreditar que a consciência é uma coisa mística, relativa e incompreensível (justamente o que Christopher Nolan sugere em A Origem).

Anônimo #1: Gostei da frase, mas vc dá a entender que eu sou "objetivo" demais pra entender a qualidade "abstrata" do filme. Pode ser, mas lembre-se de que quem deu meio bilhão de dólares pro filme e elegeu ele o 3º melhor da história foi o povão - garotos americanos com espinha na cara - não uma elite intelectual que saberia apreciar uma qualidade "impressionista" no filme.

Anônimo #2: Rafão! Também gostei de várias imagens e de toda a grandiosidade da produção. As cenas na neve por exemplo - só não me lembro exatamente O QUE acontece, rsss.

Fala Leo! Ufa pelo menos 1 ou 2 que pensam parecido, hahaha. Sempre acho que fui meio agressivo no texto depois que eu vejo que alguém iria concordar com a minha opinião, rsss. Me armo demais pra discórdia. Enfim, tb acho o filme muito bom em alguns aspectos. Mas me irrita que as pessoas pensem que é "a inteligência de volta ao cinema" (!). Abração!

Laura Catta Preta disse...

Não diria que é a inteligência de volta ao cinema, pelo contrário, tô meio chocada de me sentir a única pessoa que não achou o filme confuso, e que ele fez sentido plenamente.

O que eu achei é que é a volta de uma história bem contada ao cinema. Uma que vc não sabe o final desde o começo, como Avatar.
Tem coisas que os caras contam como parte do plano e tem coisas que vc só vê na hora acontecendo. Isso foi muito bem dosado e muito bem pensado.

Caio Amaral disse...

Laura, mas é o FILME que fez pleno sentido ou as SUAS reflexões a respeito dele que fizeram sentido no final?? Pois lembro que você costumava gostar de interpretar os filmes bem livremente (viu vários significados ocultos e profundos em "Jeepers Creepers" lembra?), hehe.

Nossa você adivinhou o final de "Avatar" antes de ver o filme? Que aconteceria um ritual 'espírita' e a alma do mocinho seria transferida pra um alienígena azul de 3 metros? Não acertei essa, rsrs. Bjos.

Laura Catta Preta disse...

hahahaha
que saudade de olhos famintos.

o filme foi fazendo sentido enquanto eu assistia, não precisei pensar depois.

no avatar, quando eu vi o moço correndo na primeira vez que ele levanta, já achei que ele fosse ficar com o corpo azul no final

Caio Amaral disse...

Tá, então me explique algumas coisas (não vale a resposta "foi tudo um sonho", afinal seu argumento é de que ao longo do filme ele foi "claro" e a história foi "bem contada").

1. Como os personagens entram no sonho de outra pessoa? E se pra entrar no sonho de outra pessoa eles próprios têm que dormir (não se trata de um transporte high tech de consciência do tipo Matrix ou Avatar, onde as pessoas continuam conscientes), então como eles LEMBRAM do que tem que fazer dentro do sonho - e dentro dos sonhos dentro de sonhos?

2. Se todos estão dentro da van quando ela está em queda livre, por que apenas a cena do hotel fica sem gravidade? E se é a sensação de queda que faz as pessoas acordarem, por que ninguém acorda nesse momento?

3. Por que Cobb se surpreende com o labirinto circular que Ariadne desenha (se você já fez um destes, sabe que um labirinto quadrado e um redondo são igualmente fáceis de completar)?

4. Cobb está foragido pois ele é acusado de matar a esposa. Por que ele seria incriminado pela morte da esposa, já que seria muito fácil pra um criminalista diferenciar um suicida de alguém que foi jogado pela janela (especialmente quando essas pessoas estão em prédios diferentes!)?

Enfim, continuo com a impressão de que o filme só faz sentido quando visto fora de foco, num estado semi-meditativo...

Thiago P. disse...

Concordei com tudo que voce disse. Ainda te liguei no fim da sessão. Uma coisa que prova que o Nolan é mal caráter é a trilha sonora, ele mostra cenas absolutamentes desinteressantes e fica aumentando a trilha pra ver se causa mais frisson. Fiquei constrangido a maior parte do tempo e por pouco não sai da sala. Eu até brinquei com a Laura que o filme poderia chamar O Grande Truque 2 ou Batman Begins 3. Apesar de que eu acho ele mais parecido com o Batman, porque ele inseriu o Batman em um mundo real e cruel onde o Batman acaba agindo como qualquer coisa, menos como um herói. E em A Origem ele repete o feito, um filme que aborda um universo onírico onde as pessoas teem que caçar explosivos para explodir as coisas.
Aproveitando as ondas de questoes sobre o filme...

5. Quando Cobb pede ao Miles o seu melhor aluno para ser arquiteto ele diz que dará algo melhor e na outra cena aparece a Juno. O que ele quiz dizer com isso?

Laura Catta Preta disse...

Vamos lá.
A 1 eu desconsiderei porque o filme faz sentido sem vc saber a mecânica da coisa.
Eu acho que eles lembram porque são treinados pra isso.

A 2 é muuuuita mancada! porque eu não tinha reparado nisso e qdo vi ontem com o thiago tb fiquei pensando :(
Mas eu disse pra mim mesma que é porque uma camada de sonho só afeta a seguinte, então se não tem gravidade na van, só o hotel vai sentir.

3: eu não sei de nada sobre labirintos.

4: ele foi incriminado porque ela incriminou ele com aquele documento que ela deixou com o advogado dizendo temer pela segurança dela, pra que se ele não se matasse, fosse acusado e perderia os filhos.

Laura Catta Preta disse...

Detalhe que o Thiago gostou de o Grande Truque e não gostou de Batman.
O que ele quis dizer com isso?
"o filme poderia chamar O Grande Truque 2 ou Batman Begins 3"

A gente concluiu que o Cobb, o cara do amnesia e o Batman são a mesma pessoa. E as esposas tb!

Caio Amaral disse...

Thiago, mudei de telefone há pouco tempo! Precisamos atualizar as agendas. O lance da trilha é absolutamente verdade. É o que falei do Batman e também de Tropa de Elite... A trilha é tão agressiva que funciona como uma bazuca apontada pra cabeça do espectador, dizendo "OUSE PENSAR QUE EU NÃO SOU GENIAL", hehehe. Nada contra trilhas agressivas, é que quando a gente não embarca no filme elas acabam irritando um pouco.

Essas ceninhas mal explicadas são recorrentes no filme... Aquele detalhe do Cobb colocando o tótem dentro do cofre e trancando ele ainda em movimento... Pra que serviu isso mesmo? A gente não lembra muito bem... Mas fica a sensação de uma cena importante, "poética".

Laura, o filme certamente tem alguns furos desses na trama e nem precisamos ficar listando todos aqui... A questão é, se tirarmos a engenhosidade da trama como O grande mérito do filme, ele continua tendo outros grandes méritos?

Hitchcock também fazia várias coisas inexplicáveis... A sequência famosa de Intriga Internacional por exemplo não faz o menor sentido. Pra que o detalhe excêntrico de mandar um avião monomotor matar o mocinho? Se era pra fazer parecer um acidente, ele teria que morrer intoxicado durante a pulverização. A partir do momento que o avião começa a metralhar o Cary Grant, a cena perde toda a razão de existir. Mas como o filme tem uma proposta absolutamente inocente de diversão, entretenimento, e em nenhum momento parece pretensioso, querendo crédito por ser super inteligente, profundo, complexo, então isso tudo é perdoado. Assim como perdoamos que o Papa-Léguas atravesse um túnel desenhado numa parede.

No fundo tudo começa com a gente concordando ou discordando com a intenção do filme (com a "visão de mundo", com a "filosofia"). Mas mesmo discordando, é possível gostar de um filme se a gente reconhecer valores reais ali. Na maior parte, eu discordo com a visão de mundo do Kubrick por exemplo. No entanto acho vários dos filmes dele obras-primas, pois reconheço muitos valores nele, que vão além do fato de discordarmos em relação a alguns tópicos.

Saulo disse...

Adorei a resenha, concordo plenamente! Mandei pra vários amigos que se impressionaram com o filme... E virei fã do blog!

Vc viu esta resenha do NYT?
http://movies.nytimes.com/2010/07/16/movies/16inception.html

Anônimo disse...

Eu achei o filme muito interessante e é legal viajar em algo nonsense, algo que talvez não passaria na cabeça de alguém, fazer um filme deste tipo. Se for levar a sério todos os detalhes técnicos, não existiriam nenhum filme de ação ou de ficção. A graça é ver algo do faz de conta, algo que realmente não tem como existir. Não é questão de ser inteligente ou não, mas apenas se divertir com a viagem.

Caio Amaral disse...

CordelieK, seja bem vinda e obrigado pela divulgação! Já tinha lido a crítica do A.O. Scott sim - aliás ele é um dos meus críticos favoritos.

Anônimo, você foi o mais honesto e correto até agora. Se alguém chegasse e dissesse "gostei de A Origem pois curti viajar nas idéias e no visual do filme" - não haveria do que reclamar.

Rodrigo E. disse...

"1. Como os personagens entram no sonho de outra pessoa? E se pra entrar no sonho de outra pessoa eles próprios têm que dormir (não se trata de um transporte high tech de consciência do tipo Matrix ou Avatar, onde as pessoas continuam conscientes), então como eles LEMBRAM do que tem que fazer dentro do sonho - e dentro dos sonhos dentro de sonhos?

2. Se todos estão dentro da van quando ela está em queda livre, por que apenas a cena do hotel fica sem gravidade? E se é a sensação de queda que faz as pessoas acordarem, por que ninguém acorda nesse momento?

3. Por que Cobb se surpreende com o labirinto circular que Ariadne desenha (se você já fez um destes, sabe que um labirinto quadrado e um redondo são igualmente fáceis de completar)?

4. Cobb está foragido pois ele é acusado de matar a esposa. Por que ele seria incriminado pela morte da esposa, já que seria muito fácil pra um criminalista diferenciar um suicida de alguém que foi jogado pela janela (especialmente quando essas pessoas estão em prédios diferentes!)?"

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1)Não querendo ser irônico, mas os fiozinhos explicam. A máquina d compartilhar sonhos foi criada para treinamento militar, e através dela vc consegue isso. É uma explicação pobre? É. Mas está longe d ser o "acontece por acontecer" d Efeito Borboleta.
Como eles lembram doq fazer dentro d um sonho, é realmente a questão do treinamento. Em um momento d breve desespero o Ficher pergunta "Pq é tão difícil lembrar?" e o Cobb responde q é necessário muito treinamento. Uma explicação no mínimo simplista, a questão poderia ser um pouco melhor explorada se fosse falado mais sobre a máquina d compartilhamento d sonhos, mas é uma explicação.

2)Os maiores efeitos são passados para a camada d sonho q está logo na sequência. Camada#1 > Camada#2; Camada#2 > Camada#3.
As pessoas ñ acordam naquele momento pq o "chute" ainda ñ havia ocorrido na Camada#2 e Camada#3, era necessário os chutes acontecerem simultaneamente para q todos(com exceção d quem está no limbo) retornem para a Camada#1.
Ambas as questões foram estabelecidas no começo e foram muito bem explicadas.

3) Vejo muitos críticos levantando esse ponto, mas vejo todos sendo extremamente equivocados nessa colocação. São 3 os labirintos q a Ariadne desenha para o Cobb naquele momento, e os 3 nos são mostrados. Fica evidente q os 2 primeiros quadrados são pequenos e simples, enquanto q o circular chama a atenção do Cobb ñ por ser circular, mas por ser melhor elaborada, ao menos maior q os 2 primeiros. E note como é falha essa colocação dq o Nolan estabelece q um labirinto circular é mais complexo q um quadrado, pois o layout do labirinto q a Ariadne constrói para o plano d inserção é quadrado.

4) Td foi arranjado pela Mal, a declaração com seu advogado e os 3 psicólogos q afirmam q ela era uma pessoa mentalmente sã. Mas admito, o Nolan forçou um pouco a barra, poderia ter criado algo mais verossímil para q essa dúvida ñ martelasse nas nossas cabeças, mas mesmo assim dependendo d como o processo ocorreria existiria a chance do Cobb ficar detido, mesmo q fossem chances pequenas.
Não consigo condenar o Nolan quanto a isso, afinal, no cinema o mais improvável tem boas chances d acontecer.

Caio Amaral disse...

Olá Rodrigo! Vamos lá..

É humanamente impossível se treinar pra fazer algo quando você está INCONSCIENTE. A gente não consegue nem escolher com o que vai sonhar, muito menos como vai agir especificamente, que decisões irá tomar, etc.

Quanto ao lance das camadas, mesmo que tudo tenha sido definido num diálogo no começo do filme, DURANTE os acontecimentos é quase impossível acompanhar passo a passo o que está acontecendo, quem pode ou não pode acordar, morrer, levitar, etc, e isso pra mim mata o suspense todo.

O lance do labirinto, se a intenção fosse dizer que o labirinto ficou mais longo, mais complexo, ele poderia ter feito um labirinto quadrado, porém com o dobro do tamanho (ou com muito mais curvas). O fato dela mostrar um redondo leva toda a plateia, com razão, a pensar que a diferença crucial foi a mudança de formato. Só citei isso como uma pequena amostra de como Nolan confunde a plateia pra achar que algo foi genial, sem de fato ter sido. Não que essa cena tenha grande importância.

Abs!

Rodrigo E. disse...

Isso é verdade. Por isso faz falta uma explicação a mais sobre o aparelho compartilhador d sonhos para assim ser mais fácil d COMPRAR A IDEIA DO NOLAN.
A parte da decisão sobre oq vc vai sonhar é definido, uma das peças para a maquina d compartilhamento d sonhos funcionar é o engenheiro, ele q cria o mundo no qual todos irão entrar, mas como vão agir e quais decisões irão tomar tem aquela explicação vazia apenas definida como treinamento, sem nós sabermos qual é esse treinamento.

Compreendo. Eu tb ñ consegui pegar todos os detalhes na primeira vez q assisti, foi difícil d acompanhar. Mas eu ñ posso dizer q isso ñ me empolgou, adoro filmes q lançam o desafio d tentar desvendá-los, mesmo q para isso eu tenha d assisti-lo mais d uma vez. E por isso dias depois peguei Inception mais uma vez, pra acompanhar td com bastante calma. Quando compreendi coisas q me passaram batido na primeira vez, Caio, tenho d dizer, revi o filme mais uma vez no mesmo dia, por puro deleite. Foi emocionante.

Eu realmente adoro as obras do Nolan, filmes q conseguem me fazer pensar são sempre bem-vindos. Sinceramente eu nunca vi nenhum filme dele, nem Inception, q queira dizer "Olhem só como eu sou genial!". Isso td pra mim é resultado dessas comparações ridículas q o pessoal faz afirmando q ele é o novo Kubrick, q Inception é muito mais genial q 2001: Uma Odisséia no Espaço. É como no futebol, quando um jogador jovem faz uma firula nunca vista e ai surge alguém melhor q o Pelé. Eu vejo ai o resultado d quem é apaixonado pelo seu trabalho, ñ se preocupando d criar algo q supere tal coisa, apenas quer apresentar sua ideia.

Como o Nolan mesmo fala nos extras do DVD "Inception, certamente comete erros em termos d experiencia universal dos sonhos. Escrevi o roteiro à partir das minhas próprias experiências de sonhos, exagerando um pouco, certamente".

Caio Amaral disse...

Então, você se interessa pela história pela vontade de decifrá-la - como uma espécie de quebra-cabeça complicado - mas a missão do filme é justamente torná-la indecifrável, através de todos esses buracos, falta de clareza proposital, o final em aberto, etc.

Você realmente acha que o Nolan fez um filme para o publico, pra gente acompanhar conscientemente e ter essa satisfação intelectual no momento em que finalmente juntamos todas as peças? Eu não acho...

Se o mundo inteiro adora o filme porque todos conseguem entender a arquitetura do filme (e não pela mensagem, não pelos valores implícitos na história), então eu devo sofrer algum tipo de retardo mental, pois já vi o filme 3 vezes e pra mim continua parecendo bagunçado e impossível de acompanhar. E, o mais importante de tudo, acho impossível de gostar do personagem, primeiro porque a caracterização é vaga, mal sabemos quem ele é, depois porque a missão dele é criminosa, imoral, e em nenhum momento ele parece hesitar em relação ao que está fazendo.

Enfim, o tipo de satisfação de compreender uma história confusa eu tive por exemplo em filmes misteriosos como 2001, Cidade dos Sonhos, tramas policiais do tipo Chinatown, filmes "surpresa" do tipo O Sexto Sentido, ou mesmo no Memento do Nolan - só pra não parecer que estou contra ele, rs. Abs.

Rodrigo E. disse...

Ah! Eu duvido muito q o mundo entendeu o filme. Conhecendo as coisas como conheço, a grande massa aclamou Inception ñ pelas mensagens ou arquitetura do filme, foi por causa da perfeita sincronia das muito bem feitas(eu achei!) cenas d ação e a incrível trilha sonora do Hans Zimmer acompanhado d um deslumbrante delírio visual.

Depois d assistir tantas vezes eu consegui compreender o filme, ñ achei bagunçado, só era complicado d acompanhar pq td era muito rápido e intenso(esses 150 minutos sempre passavam voando!). Mas concordo q o Nolan deixa alguns buracos(ñ erros ou contradições, mas falta d explicações)no seu enredo. E td bem, tb admito q essa é uma forma meio suja d conquistar o público, rs. Mas se td isso fosse bem construído(ai meu sonho d assistir um Incepion com 4 horas d duração se realizaria!rs) ñ acho q o filme perderia a força e nem a complexidade na trama, pelo contrário, funcionaria ainda melhor, aconteceria apenas do final ficar mais claro para quem conseguiu pegar os detalhes até a chegada do momento. Assim nada ficaria a cargo da imaginação, td seria estabelecido.
E eu gostei do Cobb! Não é aquela admiração q eu sinto pelos reais mocinhos das histórias(pq o Cobb realmente estava mais para vilão ali, td pelo q estava passando era fruto d suas próprias ações, ele errou sem saber q tinha errado, mas isso ñ justifica sua imoralidade), mas é aquilo q sinto por todos q apresentam inteligência e capacidade(isso ñ quer dizer q costumo torcer por eles). E apesar d ñ sabermos muito dele, o achei um personagem psicologicamente complexo.

Gosto d todos esses filmes q vc citou(apenas Chinatown ñ lembro d ter assistido), adicionando Inception nessa lista daria até para dizer q temos gostos idênticos para filmes confusos! haha
Mas falando sério, adorei mesmo Inception, ñ o classifico sendo o 3º(4º,5º,6º...)melhor filme d todos os tempos como vc observou no começo da crítica q foi feito no IMDb, mas pra mim foi marcante.

Caio Amaral disse...

Olha Rodrigo, é importante dizer que, ainda que a trama fosse toda compreensível, sem manipulações, buracos, etc, eu ainda não *gostaria* do filme de fato, pois ele continuaria sendo sobre estes mesmos personagens fazendo essas coisas, e a as ideias do filme sobre realidade, subconsciente, sonhos, etc, ainda seriam as mesmas. O que mudaria seria apenas minha apreciação estética do filme; eu diria "achei muito bem feito / escrito / dirigido / inteligente / bem contado" ou algo do tipo, mas pra eu gostar mesmo teria que ser uma outra história com outras ideias. A discussão aqui é apenas sobre os méritos estéticos do filme. Abs.

Rodrigo E. disse...

Compreendo.

Mas tem uma coisa q eu acho importante observar. Em Inception, apesar da história ter como personagens principais ladrões q manipulam a mente d pessoas a serviços d outros q tb jogam sujo, eu ñ vejo o filme querendo falsear essa realidade e impura-la como o correto para dentro d nossa cabeça.
Partindo da vaga caracterização do protagonista, entendemos q ele é uma pessoa competente no seu trabalho e apaixonado pela família.
Temos um pai indignado com oq seu filho se tornou, e esse filho sabe q está errado e ñ nega isso, porém continua seguindo em frente num desespero cego querendo alcançar seus filhos.
A forma como o protagonista procura alcançar seus objetivos é errada, concordo plenamente com isso. Mas a abordagem do Nolan sobre ela é boa, ele deixa brechas dentro do filme para vc se perguntar sobre o rumo q o Cobb tomou apenas ñ definindo em palavras durante algum momento, se isso é certo ou errado. Não é uma coisa mesquinha como 'O Preço do Amanhã' ou covarde a ponto do roteiro nem conseguir manter a proposta inicial até o fim como 'Código de Conduta' por exemplo.
Depois q eu encontrei um sentido na arquitetura do filme, esse foi um ponto crucial para eu ter gostado tanto assim dele. Mesmo ñ tendo encontrado td q costumo procurar dentro d um filme.

Caio Amaral disse...

Não precisa ser colocado em palavras - o fato do filme todo ser sobre o DiCaprio invadindo os sonhos, realizando estupros mentais, e o filme mostrar ele como um mestre nisso, entretendo a plateia com perseguições, tiroteios, etc - sem definí-lo como um mau caráter e nem entrar em questionamentos morais - o filme acaba celebrando, e não mostrando o personagem num tom de reprovação (substitua "invasão de mentes" por "estupro" e imagine como fica mais difícil gostar dessa história).

O lance dos filhos é muito secundário na história - se o filme começasse com Cobb em sua casa, vivendo feliz com os filhos e a esposa numa vida normal, apresentando todos os personagens, fazendo a gente conhecê-los um pouco, se importar, e daí sua família fosse raptada e ele fosse forçado a trabalhar pra esses criminosos pra poder resgatá-los, daí sim isso me faria torcer ou me importar pelo personagem. Mas tão pouco é dramatizado da vida pessoal de Cobb, que fica obvio que o foco do filme é a ação em si.

(Imagine se Titanic começasse pouco antes do navio bater no iceberg, e o filme inteiro fosse uma cena de ação após a outra, com DiCaprio tentando sobreviver, e apenas alguns flashbacks vagos de uma menina chamada Rose que aparentemente ele ama. Isso seria irrelevante, e não haveria motivos nem conteúdo pra plateia se importar pelo romance. O que sobraria seria a ação. Nesse caso ainda funcionaria emocionalmente, pois ele seria uma pessoa inocente lutando pra sobreviver, algo legítimo, mas no caso de alguém cometendo crimes.. precisaria ser muito bem justificado..)

Agora, se fosse um filme sobre um fora da lei, um vilão assumido cometendo uma série de crimes, como em filmes de gangsters, daí tudo bem, o filme não estaria pedindo compreensão nem simpatia pelo personagem, e no final provavelmente ele pagaria o preço.

Mas não é só essa questão moral que eu não gosto na história, tem também toda a ideia da realidade subjetiva - de que realidade e sonho se misturam, etc. É uma filosofia totalmente anti-razão, "malevolent universe", etc. Abs!

Rodrigo E. disse...

Bem, concordo na colocação d 'estupro mental', mas substituir isso por 'estupro' é elevar a coisa a outro extremo, sendo q tiraria td o sentido da história. Então ñ posso validar essa troca d termos.
Pode ser q eu tenha interpretado d outra forma, mas continuo com a opinião dq o Nolan ñ empurrou seu personagem como um herói q merece td o reconhecimento por conta d suas "virtudes". Realmente, nem na primeira vez q assisti, consegui encarar o Cobb como um herói. Sempre o enxerguei como uma pessoa perturbada por seus erros no passado, q segue num desespero cego em busca d redenção. Um personagem grande pelo fato d ser tão bom naquilo q faz, mas digno d pena.

Não vejo a ação como foco do filme, apenas como um elemento auxiliar muito forte. Acho o drama dessa relação do Cobb com a Mal muito forte, muito bem desenvolvida. De fato vc só compreende o personagem minutos antes do final, mas as pistas q vão sendo soltas dentro dos sonhos e das lembranças são ótimas para vc começar a compreender oq realmente está acontecendo ali. Ao menos foi como eu enxerguei, ficou muito longe doq eu definiria como um drama barato.

Tb ñ gosto da ideia d uma realidade subjetiva, mas costumo ser mais flexível em histórias desse tipo. Td tipo d criatividade me é bem vinda, portanto q como em Inception, a ideia ñ seja q vc leve td isso a sério. Portanto q eu perceba q a obra ñ seja pretensiosa, ñ esteja querendo me provar nada, existe a chance d eu comprar a ideia do autor e aproveitar algumas horas d um bom entretenimento.

Caio Amaral disse...

Substituí por estupro porque tenho certeza que muita gente não acha que o que eles estão fazendo no filme é extremamente condenável - até pelo fato deles estarem roubando de milionários e não de pessoas comuns - mas imagina se a missão do DiCaprio fosse roubar dinheiro do governo destinado à educação pública, por exemplo, e o resto da trama fosse igual. Imagino que a plateia simpatizaria muito menos pelos personagens. Troquei os termos só pra deixar claro do que se trata a discussão: que o ato deles não é algo compreensível, que dá pra gente abstrair e apenas se entreter com as perseguições.

A ação do filme vc viu como elemento auxiliar? Pelo que lembro, o filme é praticamente inteiro sobre a ação de invadir os sonhos (aliás, uma ação bem confusa), e os diálogos são quase todos sobre as regras e a mecânica desse processo. Daí, de vez em quando, há uns diálogos esotéricos entre a Mal e o Cobb, mas umas falas do tipo "O seu mundo não é real" ou "Você disse que nós envelheceríamos juntos" ou "Você está em um trem, e você não sabe pra onde esse trem está te levando, e você não se importa": o tipo de coisa vaga e obscura que pode ser confundida com boa psicologia.

Enfim, eu sempre julgo os filmes por 2 aspectos; conteúdo e estilo. O QUE o filme está dizendo e COMO ele está dizendo. Infelizmente esse é um caso onde eu não gosto muito nem do conteúdo, nem da maneira como a história é contada :-/

Rodrigo E. disse...

Agora sim, substituindo o objetivo do roubo td se torna mais cabível. Para mim o efeito seria o mesmo, mas compreendo q o efeito causado nas pessoas seria diferente. Mas volto para oq eu disse anteriormente, ñ vejo o Nolan querendo falsear essa realidade, ele apenas pegou a a situação como plano d fundo para desenvolver o drama por trás do seu personagem. Se dentro do filme existe brechas para vc tomar o personagem como um herói ou um bandido, acredito q o problema seja da pessoa q interpretou isso da forma errada, q ñ teve a capacidade d parar e julgar, ou q possui um código moral podre mesmo.
Caso o filme estivesse tentando deificar o Cobb ou seus companheiros, minha opinião já seria diferente.

Desde o lançamento do filme eu já vinha com a opinião dq um dos mérito do Nolan como diretor foi ter transformado Inception em um dos maiores filmes d ação dos últimos anos. Mas oq eu realmente quero dizer éq o objetivo do filme, q é fazer vc entender oq aconteceu com o Cobb, ñ fica em 2º plano.
Aqui nossas opiniões se divergem, pq esse lado da psicologia foi ótimo para o filme. Lembrando q essa Mal q ele visitava ñ era mais sua mulher, apenas um fruto do seu subconsciente.

Pelo visto ñ chegaremos num consenso, rs. Nossas opiniões sobre o filme são muito diferentes, se continuarmos apenas bateremos na mesma tecla. Mas foi legal trocar uma ideia!

Caio Amaral disse...

O que aconteceu com Cobb? O fato da esposa ter se matado por "culpa" dele? Bem, de fato é muito triste e trágica a situação... Mas é algo revelado no final, por exemplo, como a tragédia de "A Escolha de Sofia". Isso não livra o resto do filme da necessidade de uma trama clara, cenas inteligíveis, conflitos bem estabelecidos, caracterizações bem feitas, etc.

Enfim, só por curiosidade, me fale uns 2 ou 3 outros filmes que você coloca mais ou menos na categoria de A Origem.. que te remetem às mesmas qualidades, emoções, etc. Só pra eu entender que características está defendendo. Abs.

Rodrigo E. disse...

Três q mais próximos chegam d se assemelhar a Inception seriam A Ilha do Medo, O Grande Truque e bem d longe Uma Mente Brilhante.

Caio Amaral disse...

Ah! Que bom, então acho que estamos falando da mesma coisa.. haha. To discutindo isso com um rapaz aqui no blog sobre Irreversível - quando duas pessoas discordam, podem ser porque estavam focadas em aspectos diferentes da mesma obra (imagine você ouve uma música prestando atenção mais na letra e a outra pessoa na melodia e uma outra nas roupas da cantora - mas no fundo têm os mesmos gostos) mas pode ser porque vocês de fato têm alguns valores diferentes. E pelo visto é o nosso caso - o que eu vejo em comum entre esses filmes é algo que eu não gosto e você parece gostar (subjetivismo, uma visão de mundo meio trágica - aliás, o que você acha de Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças?).

Mas embora eu não goste muito da filosofia desses filmes (principalmente O Grande Truque), eles estão em categorias diferentes.. O Grande Truque está mais próximo de A Origem. A Ilha do Medo e Uma Mente Brilhante são sobre pessoas específicas que têm problemas psicológicos - não chegam a ter uma visão subjetiva da realidade em si. E Uma Mente Brilhante no fundo é Romântico, porque é sobre um homem superando suas dificuldades, há livre arbítrio, etc. Então está mais longe na comparação mesmo. Abs.

Rodrigo E. disse...

Como eu disse, ñ é q eu goste do subjetivismo, mas se está presente no filme me interesso em ver a forma com q as coisas são trabalhadas. Não vai mudar minha forma d pensar, minha capacidade d discernir, mas se for interessante eu compro a ideia da obra e quero ver o resultado final daquilo.
Sobre O Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças, pra ser sincero ñ me lembro mais muita coisa do filme, rs. Devo ter assistido a uns 7 anos atrás, naquela época meu senso crítico ñ era maduro o suficiente. Precisaria rever primeiro pra dizer oq acho dele.

Citei Uma Mente Brilhante pq um das vezes q estava assistindo Inception me lembrei do John Nash. Universos diferentes, personagens totalmente diferentes, mas o problema do Cobb me remeteu ideia da esquizofrenia q o Nash enfrentou na segunda metade do filme. A ideia dq sua vida é uma cilada, estar sendo destruído por suas lembranças e tal. Comparo pela emoção em si, quanto suas características e qualidades ñ teria mesmo quase nada em comum.

Caio Amaral disse...

Entendi, me parece que você não tem opiniões muito rígidas em relação a essas questões filosóficas - nem gosta de subjetivismo, mas também não defende uma realidade objetiva, razão, etc.. Simplesmente conseguiu aproveitar outros aspectos do filme sem se preocupar com isso.

Rodrigo E. disse...

Como a realidade do filme é uma realidade impossível, seria isso mesmo. Eu defendo a razão, mas se um filme como Inception me traz uma ideia diferente como pano d fundo para sua história, e ñ seja sua intenção me convencer daquilo, eu gosto muito d acompanhar para ver qual será o resultado.
Posso dar como exemplo o Os Agentes do Destino lançado no ano passado. A realidade q o filme apresenta ñ me agrada e ñ aceito d forma alguma, mas achei q poderia sair alguma coisa interessante daquele romance em q trabalhariam. Porém, diferente d Inception, esse me foi uma grande decepção.

Caio Amaral disse...

Olha, mas note que mesmo nos casos mais extremos de fantasia, os filmes ainda precisam projetar valores humanos, falar sobre temas e conflitos da vida real. Um filme pode se passar numa outra galáxia, pode ser surrealista, um desenho animado sobre animais - ainda assim, o que você extrai dessas histórias são valores reais; você os julga conforme suas próprias ideias. Imagine um filme sobre cães mutantes do planeta X - e que o herói seja um cão vira lata com poder de invisibilidade, e que usa suas habilidades pra roubar comida de outros cães e se dar bem. Seria um personagem detestável, independentemente do contexto, entende? Não necessariamente o filme seria ruim - isso iria depender do nível de imoralidade da história, do quão bem o tema fosse desenvolvido, com que competência e originalidade a história fosse contada, etc. Abs.