segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Tron - O Legado


Sequência de Tron - Uma Odisséia Eletrônica, cult da Disney de 1982 que foi revolucionário pelo visual exótico de fundos pretos contra elementos gráficos coloridos (foi um dos primeiros filmes a usar imagens geradas por computador). 28 anos é sem dúvida um dos maiores intervalos entre um filme e sua sequência (se você esquecer que em 94 fizeram E o Vento Levou 2). Um milagre, numa época fascinada por remakes. Mas mesmo um remake aqui seria apropriado - Tron é um caso perfeito de um filme que pede atualização: não chegava a ser um grande filme, as gerações mais novas não conhecem, tinha uma premissa original, extremamente comercial, ficou datado por causa dos efeitos. Ou seja, a intenção é totalmente válida.

O problema é que eles foram fiéis demais ao original e mantiveram inclusive os defeitos. Existem tantos livros sobre roteiro, tanta informação disponível em relação a todos os aspectos da arte cinematográfica, que me espanta que quase 3 décadas depois do lançamento do primeiro, a tecnologia tenha se desenvolvido apenas no sentido físico/concreto da coisa - os efeitos especiais e o design de som desse filme estão entre as coisas mais impressionantes que eu já vi e ouvi. Mas no que diz respeito ao lado artístico, os cineastas continuam com as mesmas dificuldades de sempre.

De certa forma, essa falha é apropriada para um filme que conta a história de um homem que cria um mundo "perfeito" dentro de um vídeo game e 20 anos depois percebe que teria trocado tudo por mais alguns minutos com o filho. Como é que alguém com o poder de fazer algo tão extraordinário pode cometer erros tão ingênuos? Falha de introspecção. "Perfeição", em Tron, parece ser perfeição puramente física - um mundo onde não há lixo, não há poeira, fios de cabelo estão todos no lugar, ninguém vai ao banheiro, soldados formam filas retas, mas nada é feito em relação à consciência.

Após o espanto visual inicial, o filme é mais do mesmo. É um dos mundos mais incríveis já vistos no cinema, mas o filme não consegue criar o contexto psicológico certo pra torná-lo um grande evento. As imagens são espetaculares, mas nunca se amontoam em grandes cenas. Os sons de Daft Punk são brilhantes - mas não são boa música.

Tron - O Legado
Tron: Legacy (EUA, 2010, Joseph Kosinski)

Orçamento: US$ 170 milhões
Bilheteria atual: US$ 67 milhões
Nota do público (IMDb): 7.7
Nota da crítica (Metacritic): 4.9
Assista o trailer

INDICAÇÃO: Quem gostou de Avatar, Star Trek (2009), Speed Racer, Tron - Uma Odisséia Eletrônica, e o visual de 2001: Uma Odisséia no Espaço.

NOTA: 6.5

4 comentários:

renatocinema disse...

Coloquei na minha lista para assistir o filme original, somente depois poderei ver essa obra tão comentada.

Caio Amaral disse...

Os 2 pra mim têm o mesmo ponto fraco... De qq forma o audio-visual é maravilhoso. Mesmo o do antigo é divertido.

Laura Catta Preta disse...

e o jeff bridges versão "expresso polar"?
MEDO

Caio Amaral disse...

Pois é... Não gosto muito dessa técnica, da mesma forma que não gosto de maquiagens que envelhecem os atores, tipo a Cate Blanchett em Benjamin Button. Como não fica 100% realista, a gente não consegue evitar ficar observando o efeito e acaba não assistindo a cena.