sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Tio Boonmee, que Pode Recordar Suas Vidas Passadas


Às vezes gosto de ver uns filmes completamente diferentes só pra colocar as coisas em perspectiva. Fico reclamando que 127 Horas não tem história, que Cisne Negro é óbvio - mas estes todos ficam parecendo adrenalina pura quando colocados ao lado de um Tio Boonmee (até por isso tomo cuidado com notas muito baixas - preciso reservar os 1's e os 0's pra esse tipo de coisa).

Achei interessante o monstrinho da capa e fui ver o filme sabendo muito pouco a respeito - apenas que ele tinha levado a Palma de Ouro em Cannes. Esperava um filme diferente, cheio de surpresas, bizarrices. Ele tem uma linguagem diferente, mistura realismo com fantasia (lembra a primeira parte de 2001, filmes do Tarkovsky), mas após alguns minutos de curiosidade (como os fantasmas e as criaturas estranhas) o tédio toma conta.

É um daqueles filmes longos e chatos que a crítica adora e diz ser uma experiência "sensorial" (amplie o pôster e veja as barbaridades que escrevem). Ser sensorial significa "não ser racional". Significa que existem coisas no filme que estão além do que pode ser visto ou percebido pelo seu cérebro. E o público fica na poltrona num estado de transe, "sentindo" as imagens abstratas que o diretor joga na tela, tendo "sensações" e tentando em vão extrair algum significado delas. Por exemplo, um crítico (que eu não vou citar o nome) notou a presença de "janelas" nos filmes desse cineasta e concluiu:

"As janelas nunca estiveram tão presentes. Elas marcam a divisa entre os interiores das cabanas e a floresta tailandesa, entre a memória individual e a coletiva, entre o agora e o sempre." (?!?!)

É o tipo de filme que só é respeitado dentro do meio artístico, afinal, é onde existem pessoas interessada nesse universo mental alternativo, onde esforços não são necessários, onde elas ainda têm a chance de serem consideradas geniais sem que tenham que demonstrar qualquer habilidade. É como um mau pintor que aprova os rabiscos dos outros pra justificar os seus. No "mundo real", nenhuma pessoa saudável (um adolescente, um empresário brilhante, uma dona de casa) adoraria um filme como este - apenas pessoas com pretensões criativas, buscando uma fuga da necessidade de se ter virtudes objetivas.

Loong Boonme raleuk chat (TAI, ING, FRA, ALE, ESP, HOL / 2010 / 114 min / Apichatpong Weerasethakul)

INDICAÇÃO: Pegue o carro e procure um engarrafamento - será mais divertido.

NOTA: 0.0

7 comentários:

renatocinema disse...

Um filme avaliado com nota 1 não pode nem passar pela cabeça de quem gosta de cinema.kkk

Caio Amaral disse...

Renato, e isso é o que leva o prêmio máximo em Cannes hoje em dia.. Fazia tempo que não via algo tão chato..

Anônimo disse...

ótimo, ótimo!!! Sua crítica foi na mosca!Eu tenho medo quando criticos "não tem palavras para descrever a experiência de ver o filme"...hehehehehe

abs!

VaN disse...

nossa q critica ridicula vc fez do filme.... perda de tempo foi ler esse blog. HORRIVEL!!!!!!

Caio Amaral disse...

Valeu Matuto! Quando vi as frases na capa tive o mesmo medo, hehe.

Oi "VaN" - você já viu o filme? Acho que não né? Afinal, vc chegou no meu blog procurando ele pra baixar ilegalmente.. Está discordando do que então?

Leonardo de Jesus disse...

hahah Eu assisti o trailer desse filme ontem e pensei "Nossa deve ser muito ruim". Achei tudo meio feio e tinha uns efeitos "Chaves". hahaha Boa Caio, foi corajoso.
abs!

Caio Amaral disse...

Kkkk... Leo, os efeitos "Chaves" no fim são as coisas mais divertidas do filme.. O problema é quando não está acontecendo nada!! Rss.