domingo, 5 de fevereiro de 2012

O Artista


Produção francesa (filmada nos EUA), muda, preto e branca, no formato de tela original 1.33:1, que reproduz o estilo dos filmes americanos dos anos 20. O filme conta a história de um astro do cinema mudo que se apaixona por uma atriz em ascensão durante a transição para o cinema falado. Enquanto a carreira dela decola, a dele entra em crise pois ele resiste (burramente) à chegada do som e seus filmes fracassam nas bilheterias.

É um dos filmes mais aclamados do ano e está indicado a 10 Oscars. A produção é impecável, a direção é cheia de ideias e soluções inteligentes, há várias referências curiosas à história do cinema, mas pra mim o maior interesse é o próprio estilo - a sacada de reproduzir um filme mudo; algo como Tarantino e Rodriguez fizeram em Grindhouse, só que explorando um outro universo e fazendo uma grande homenagem à Hollywood.

O problema é que assim que você se acostuma com a brincadeira, a história não tem força o bastante pra se sustentar sozinha (a resistência do protagonista ao cinema falado não é um conflito muito dramático ou convincente). Achei um filme brilhantemente filmado, porém sem alma. Os clássicos da época funcionam até hoje porque têm histórias verdadeiras, conflitos universais. Aqui o filme não vai além do papel de homenagem, pois a situação e o romance não são grande coisa. Se Luzes da Cidade de Chaplin fosse refeito com som e cor, a história continuaria igualmente interessante - O Artista, se fosse filmado de maneira convencional, não teria grande interesse pois o foco está mais na técnica - no "como", e não no "que".

Pegue por exemplo a cena marcante da mulher se abraçando com a manga do casaco do homem pendurado. É uma imagem forte, criativa, que expressa de maneira simples e visual a ideia de alguém apaixonado - mas embora a sacada seja boa, não é possível se importar muito ou acreditar na cena, pois as caracterizações e o relacionamento estabelecido até ali são superficiais, até pros padrões de uma comédia romântica - a cena acaba virando mais um exibicionismo do diretor do que um momento tocante, e isso ocorre ao longo do filme todo.

O filme tem vários méritos, mas é o tipo de filme que a plateia assiste distante, sem grande envolvimento, apenas admirando a esperteza do autor. De qualquer forma vale pela originalidade e criatividade.

The Artist (França, Bélgica / 2011 / 100 min / Michel Hazanavicius)

INDICAÇÃO: Interessados em técnica e história do cinema.

NOTA: 7.0

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