terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Detona Ralph

Vem sendo considerada a melhor animação do ano essa produção da Disney (sem a Pixar) sobre Ralph, um vilão de um jogo de fliperama que se rebela contra o seu papel e resolve que quer ser um herói também (ele se sente rejeitado e é excluído de festas pelos outros personagens do jogo).

É uma espécie de Toy Story dos videogames: depois que o fliperama fecha e não há mais humanos por perto, os personagens todos se misturam e levam uma vida normal. Há alguns momentos divertidos nesse trecho, como a cena da terapia dos vilões, onde eles se reúnem pra falar sobre suas frustrações (há referências a jogos como Pac-Man, Super Mario Bros., etc).

Mas depois disso o roteiro toma caminhos questionáveis e vai ficando cada vez mais confuso, cheio de personagens e sub-tramas desnecessárias. Ralph decide que pra ser aceito ele precisa de uma medalha, e pra isso vai pra um outro jogo chamado Hero's Duty. Nesse ponto o filme já tem alguns problemas: ao fazer isso, Ralph põe em risco a vida de todo mundo pois o jogo pode ir pra manutenção - uma atitude não muito inteligente. Além disso, toda essa busca pela aceitação do grupo é errada, afinal seus colegas são mostrados como pessoas vazias e preconceituosas... Por que ele quer pertencer? Se eles não entendem que Ralph no fundo não é vilão - precisa apenas representar esse papel no jogo - então eles não merecem mesmo a amizade dele (não é como em Toy Story, onde os bonecos têm o mesmo caráter das figuras que eles representam). O conflito não é convincente o bastante pra motivar a história.


As coisas já não vão muito bem quando o filme muda o foco e Ralph vai parar no jogo Sugar Rush - uma espécie de Mario Kart situado num mundo de doces (a maior parte do filme se passa nesse ambiente, o que é frustrante e destoa do conceito inicial do filme). Lá ele conhece Vanellope, uma menina meio irritante que também tem problemas de aceitação. A partir daí, Ralph passa a lutar pelos objetivos dela e coloca os seus em segundo plano.

O que começa como uma história positiva sobre independência acaba virando mais um filme que fala de auto-sacrifício e conformismo -  Ralph tem que abrir mão de suas medalhas, aceitar seu mundo como ele é: o importante é ajudar os outros e ser gostado por alguém.

O filme tem um ótimo ponto de partida, é tecnicamente brilhante, mas é prejudicado pelo roteiro bagunçado e eventualmente se torna anti-Disney em sua mensagem.

Wreck-It Ralph (EUA /  2012 / 108 min / Rich Moore)

INDICAÇÃO: Quem gostou da série Shrek, Kung Fu Panda, Monstros S.A., etc.

NOTA: 6.5

Um comentário:

Anônimo disse...

´Vi ontem no Disney Channel, e concordo com o que foi descrito aqui. Vanelope é mesmo irritante, e o roteiro é realmente uma bagunça (p. ex., se os personagens tinham consciência de que faziam parte de um game, não fazia muito sentido eles desprezarem o Detona Ralph, que era uma parte indispensável do jogo).