quarta-feira, 27 de abril de 2016

A Juventude

NOTAS DA SESSÃO:

- Assim como A Grande Beleza, o filme impressiona logo de cara pela excentricidade, pela originalidade, e também pela beleza das locações e da fotografia. O elenco é ótimo.

- Muito bom o diálogo entre o Michael Caine e o Paul Dano sobre eles terem ficado famosos pelo "crime" de terem feito trabalhos mais leves e populares em algum ponto da carreira. Não gosto da oposição dos personagens (e do filme) ao entretenimento, mas acho inteligente o texto e os personagens são muito bem construídos.

- Meu problema com o filme é o seguinte: ele é inteligente, tem ótimos atores, cenas interessantes, mas o Senso de Vida é deprimente: pra começar ele se passa num lugar onde "ex-glamourosos" e "ex-felizes" vão quando estão decadentes; além disso, ele reforça a ideia de que intelectuais são necessariamente deprimidos e de que pessoas felizes são necessariamente fúteis (e jovens!). Retrata a vida como um grande problema, uma experiência trágica onde sempre haverá algo de essencial faltando.

- Falta um propósito maior: algo que nos faça ter interesse pela história como um todo e não apenas pelo que está imediatamente acontecendo na tela. Ainda assim, isoladamente todas as cenas são interessantes.

- Divertida a cena da Miss Universo dando lição de moral no Paul Dano! Rs. É interessante o filme ter consciência de que sua filosofia cínica não é necessariamente racional. Nessa cena em particular o filme vai contra sua premissa básica de que pessoas positivas são ignorantes, e acaba ganhando um pouco mais da minha simpatia.

- A locação é realmente fantástica! Onde eles acharam esse hotel?

- Idealismo Corrompido: embora o filme esteja mais do lado do Naturalismo, ele ressente isso e inveja artistas que estão do outro lado. Em alguns momentos, ele chega a brincar com o universo do Idealismo, mas sem se levar a sério. Esse é o tema central do filme e o drama principal do personagem do Michael Caine. É uma discussão interessante mas que não chega a ser desenvolvida numa boa história. Em vez de um filme, é como se a gente estivesse assistindo o cineasta ensaiando se vai fazer um filme de verdade ou não, tentando decidir se de fato cria a "magia do cinema" pra plateia, ou se apenas fica filosofando sobre seus conflitos internos - e faz disso o filme (que é o que ele acaba fazendo).

- Forte a cena com a Jane Fonda! Adoro a honestidade brutal dela ao criticar os filmes do Harvey Keitel (que de fato não parecem muito bons).

- Legal a aparição da rainha no final. É surpreendente o filme de fato apresentar as Simple Songs e satisfazer essa curiosidade da plateia - em vez de deixar a música só na nossa imaginação.

CONCLUSÃO: Tão divertido quanto pode ser um filme sobre decadência e vazio existencial.

Youth / Itália, França, Reino Unido, Suíça / 2015 / Paolo Sorrentino

FILMES PARECIDOS: Anomalisa / The Lobster / O Homem Irracional / A Grande Beleza

NOTA: 7.0

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