quinta-feira, 14 de julho de 2016

Julieta

NOTAS DA SESSÃO:

- Intrigante o mistério da protagonista, ela decidir abandonar o marido depois do encontro com a amiga, etc. Divertida a trilha sonora de suspense, lembra Bernard Herrmann, filmes do Hitchcock, etc.

- Não dá pra ter muita empatia pela personagem, pois não entendemos o que se passa na cabeça dela, qual sua motivação.

- A sequencia no trem é interessante em termos de atmosfera, direção de arte. Tudo parece meio teatral, surrealista (o galho batendo na janela, o alce correndo em câmera lenta...).

- É típico de filmes de "arte" ficarem à frente do espectador e tentarem envolver a gente artificialmente, não por discutirem temas realmente interessantes, criarem empatia pelos personagens, expectativa pelo que vai acontecer - mas omitindo informações da plateia, tornando os personagens misteriosos, incompreensíveis. Daí ficamos nos perguntando: O que essa mulher quer? Por que ela brigou com a filha? Quem é essa personagem que apareceu agora? Em filmes comerciais, a plateia se sente inteligente - tem o prazer de enxergar através das ações e entender a verdadeira essência dos personagens.

- Naturalismo: Que interesse nós temos em saber a história de vida da Antía? A filha não conhece a própria história? Por que a Julieta vai contar tudo de novo através de uma carta - "quando você tinha 10 anos, tal coisa aconteceu..."?

- O simples fato das 2 estarem brigadas não é o bastante pra me envolver na história e torcer por um reencontro. A gente primeiro teria que saber como era a relação das 2, por que elas se desentenderam, quais valores estão em jogo, por que é importante pra protagonista fazer as pazes com a filha, etc... E contar a história da menina desde a concepção até a vida adulta não parece ser necessário pra isso. O filme poderia simplesmente começar explicando o motivo da briga e partir daí.

- O filme apenas registra uma série de eventos: a empregada é despedida, o pai sofre um acidente, há uma traição... Mas não há um interesse que sustente a história como um todo, pois não nos identificamos com a protagonista e com o desejo dela.

- Muito boa a transição da Julieta jovem pra Julieta mais velha!

- SPOILER: Não faz o menor sentido a Antía abandonar a mãe sem explicação. Ninguém faz isso. O filme se propõe a focar em personagens, relacionamentos, mas ele não parece entender nada sobre seres humanos. Os personagens soam distantes e falsos.

- SPOILER: A Antía culpa a Julieta pela morte do pai? Bom, pra começar ela está totalmente enganada. Mesmo assim, se ela fosse tonta a ponto de abandonar a mãe por causa disso e não dar notícias por 12 anos, as coisas não teriam acontecido dessa forma. A Julieta certamente saberia o motivo da revolta da filha. Não iria descobrir isso mais de uma década depois. É uma história falsa que serve apenas transmitir um Senso de Vida negativo: dar uma ideia de que os seres humanos são incompreensíveis, as relações complicadas, a vida cheia de tragédias inesperadas e inevitáveis (doenças, afogamentos, abandonos, atropelamentos..), etc.

- SPOILER: Pra piorar o filme acaba sem dar essa mínima satisfação pro espectador de mostrar as 2 se reencontrando e o desfecho da história.

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CONCLUSÃO: Almodóvar continua um bom diretor, mas vem se tornando um roteirista cada vez mais tedioso.

Julieta / Espanha / 2016 / Pedro Almodóvar

FILMES PARECIDOS: Os Amantes Passageiros / Abraços Partidos

NOTA: 4.5

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