quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Jackie

NOTAS DA SESSÃO:

- A trilha sonora rouba a cena mesmo antes de aparecer a primeira imagem. Em geral gosto de trilhas que se impõem.

- Natalie Portman está bem (a close dela limpando o sangue do rosto é bem forte), embora o jeito dela falar pareça um pouco artificial e distraia do conteúdo.

- O grande problema do filme é que não há uma história. É apenas um retrato de Jackie nos dias após o assassinato do Kennedy: ela dando a notícia pros filhos, preparando o funeral, dando entrevistas, etc. Ela não tem um objetivo interessante. Quer apenas fazer um funeral bonito pro marido e marchar ao lado do caixão. Isso está longe de ser uma boa motivação pro espectador.

- A caracterização de Jackie também é um pouco superficial. A única coisa que sabemos sobre ela é que ela era forte e realmente admirava o marido. Não há camadas mais profundas, não sentimos que estamos conhecendo a essência da personagem, algo além do estereótipo. A preocupação do filme é mais a de reproduzir a aparência dela - mostrar como ela era elegante, como ela se portava, etc.

- Há uma certa glamourização do sofrimento que me entedia. É como se fosse pro espectador ter prazer em se imaginar no lugar dela - uma bela vítima sofrendo diante dos holofotes pro mundo todo ver - e isso bastasse pra tornar o filme agradável.

- No fim ela faz o funeral do jeito que queria, todos dizem que foi algo grandioso, um evento que entrará pra história - mas a cena em si que vimos foi fraca, sem grande impacto visual, esquecível. Já que o filme não tem muita história, pelo menos esse momento deveria ter sido algo mais espetacular em termos de produção.

- Depois do funeral o filme fica sem rumo e começa a se arrastar. Mostra um flashback desnecessário do assassinato do Kennedy que não acrescenta em nada. Há aquelas conversas filosóficas com o padre que também soam meio inúteis (ela fica falando em suicídio - em nenhum momento sentimos que ela ficou deprimida assim a ponto de querer morrer). A discussão sobre a ficção às vezes ser mais real do que os fatos também é meio vazia... Isso não era um tema do filme! O que foi uma ficção na história de Jackie e de Kennedy? Pelo que o filme mostrou, eles de fato se gostavam, Kennedy era um bom homem, fez o melhor que pôde como presidente. Não foi tudo uma farsa criada pela mídia como essa discussão tenta sugerir. Eles tentam enfiar um conteúdo no fim que não estava na história.

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CONCLUSÃO: Interessante por ser uma mulher glamourosa vivendo um momento histórico, mas falta substância e uma boa história pra sustentar o filme.

Jackie / Chile, França, EUA / 2016 / Pablo Larraín

FILMES PARECIDOS: Grace de Mônaco (2014) / Diana (2013) / Sete Dias com Marilyn (2011)

NOTA: 5.5

4 comentários:

Marcus Aurelius disse...

Uma postagem por dia, que delícia! Mas falando sério Caio, tá maratonando os indicados ao oscar?

Caio Amaral disse...

Nessa época mais do que dobra o número de filmes pra ver hehe.. natural.. tenho visto praticamente 1 por dia.. essa semana devo dar uma acalmada.. só estreou 50 Tons Mais Escuros e o Lego Batman que eu devo ver.. nada novo do Oscar..

Anônimo disse...

Não falaram do casamento de Jackie com Onassis? A maioria dos americanos nunca aceitou bem esse casamento. Talvez por fugir a esse assunto o filme tenha perdido o rumo no final.

Caio Amaral disse...

Não falaram não.. focam só nesse curto período após a morte do Kennedy.. como se fosse o momento mais relevante da vida dela..