quarta-feira, 8 de novembro de 2017

O Poderoso Chefinho

Acabei vendo só agora na TV essa que foi uma das animações de maior sucesso do ano. É uma animação mais leve que a média, cujo maior mérito é a maneira criativa e às vezes sensível com que ela retrata os exageros da mente de uma criança de 7 anos, um garoto que imagina uma rivalidade épica entre ele e o irmão recém-nascido que chega pra atrapalhar seu "reinado".

Mas há 1 falha central na história que acaba comprometendo o aproveitamento do filme: desde o início, fica claro que tudo o que está acontecendo não passa de um devaneio do protagonista de 7 anos, que sempre teve uma imaginação fértil. Então o próprio filme nos anuncia que não existe nenhum bebê de terno, nenhum CEO com planos malignos, e que tudo isso que estamos vendo é de mentirinha. Isso transforma a história toda numa brincadeirinha tola de criança que não deve ser levada a sério. Tira todo o peso dos eventos. Daí dentro desse contexto, o filme tenta nos mostrar uma história de heroísmo, amizade, superação... Mas como devemos nos divertir com a aventura, se o próprio filme está dizendo que nada disso está acontecendo de fato na história? É mais um exemplo daquilo que falei recentemente em Thor: Ragnarok -- o Idealismo Corrompido de filmes que tentam projetar valores positivos, ao mesmo tempo em que pedem desculpas e admitem que nada daquilo deve ser levado a sério.

O rompimento com a realidade aqui é tão grande que o filme chega ao cúmulo de incluir sequências de fantasia DENTRO da trama principal, que já é uma sequência de fantasia. Quando o vilão é derrotado (jogado dentro do tanque), por exemplo, isso acontece porque os 2 irmãos usam o poder da imaginação e se transformam subitamente em piratas. Ou seja, não bastava a história toda já ser uma fantasia assumida. Pra você projetar um ato virtuoso, Autoestima, felicidade, sentimentos realmente positivos, você precisa ir num nível extra de irrealidade, criar uma fantasia dentro da fantasia, pra deixar claro pra plateia que essas coisas não devem ser levadas a sério, são apenas devaneios imaturos da infância.

The Boss Baby / EUA / 2017 / Tom McGrath

FILMES PARECIDOS: Meu Malvado Favorito 3 (2017)

NOTA: 5.0

11 comentários:

Anônimo disse...

Isso dos protagonistas da Dreamworks aparecerem nos cartazes fazendo sempre essa carinha sarcástica já encheu a paciência. Bem que podiam inventar outra coisa.
Pedro.

Anônimo disse...

Suspensão da descrença é algo meio difícil de obter quando se asiste animações da Dreamworks. Até mesmo a 'Dreamworks face' dos cartazes, que parece dizer ao espectador 'você não vai levar isso a sério, vai?' funciona como empecilho para isso. E além disso, a maioria dos filmes animados da Dreamworks, desde seu 'opus magnum' Shrek, seguem uma linha paródica demais qe torna impossível assisti-los como se fossem algum universo autêntico.
Pedro.

Caio Amaral disse...

Infelizmente esses estúdios pensam que nem gado né.. 1 muda de direção, vão todos atrás com medo de perderem público se fizerem algo diferente..

Dood disse...

Eu fui ver o cronograma de lançamentos da Dreamworks e eles querem continuações de coisas como Croods e até Sherk... Eu fiquei com o estômago revirado, só fiquei animado com um suposto filme do Voltron, mas mesmo assim com um pé atrás.

Engraçado é que não pensaram num novo Sem Floresta, já que a temática animais x lugares urbanizados é bem fértil e geradora de alerta vermelho como esse povo gosta.

Caio Amaral disse...

Acho q o critério deles pra fazer sequências é exclusivamente a bilheteria né.. Os Sem-Floresta até onde sei não foi um hit tãoo grande assim.. abs!

Anônimo disse...

O filme só não é mais besta porque é um só. Ainda é um pouco engraçado, como é de hábito na Dreamworks, por algumas piadinhas referenciais a filmes a séries (SWAT, Caçadores da Arca Perdida, Mary Poppins), pra quem está realmente disposto a rir de bobagem.
Pedro.

Dood disse...

Meu filho costuma assistir a série animada baseada nesse longa pela Netflix. Me pareceu uma cópia dos Rugrats ( Os Anjinhos) só que a impressão que se tem é que é a imaginação do irmão mais velho o tempo todo e as situações são bem genéricas.

Animações com Bebês acho Rugrats melhor e mais criativo.

Anônimo disse...

Não fazia a menor idéia de que tinham feito uma série disso. Infelizmente é esse o padrão atual da nossa cultura. Os produtores acham mais seguro investir no que parece mais bobo, tem medo de algo que demande alguma inteligência. Assim se explica o nível a que chegou a Dreamworks, lançando agora bobagens como Trolls e Baby Boss, e deixando de lado projetos que, em comparação com que eles levam às telas, dão a impressão de ser melhores (Me anda My Shadow, B.O.O - Bureau of Otherworldly Operations, Zodiac ).
Pedro.

Dood disse...

Eu tenho problema com quase tudo que a Dreamworks que é transformado em série animada. Acho as animações tão meh, uma coisa sem graça que chega a ser pior que os filmes que as originam. As animações dos anos 90 da Disney quando viravam séries animadas, ainda mantinham algo interessante nelas. Exceto Timão e Pumbaa, que acho um spinoff chato e que eu adorava. Até o do Lilo e Stitch eu conseguia assistir.

Mas voltando a Dreamworks a grande parte são séries insossas, até a que seria mais promissora como Dragões: Pilotos de Berk consegue ser muito aquém do que origina que é a série Como Treinar Seu Dragão que nunca achei grande coisa, só gostei do um e sempre achei o desing dos personagens e dragões abomináveis. Kung Fu Panda é outra bomba, até porque só aproveita o universo superficial da cultura oriental como o filme. Gato de Botas só achei interessante o filme interativo da Netflix mais pelo conceito que a execução a série também acho bem ruim como o filme, Rei Julian nem me atrevi a ver, porque nunca entendi por que esse personagem merecia uma série própria. Confesso que assistia assiduamente Pinguins de Madagascar até porque acho os personagens melhores que os protagonistas do universo deles.

Anônimo disse...

Concordo, as séries da Dreamworks de modo geral foram bem ruins, principalmente a Monstros vs. Alienígenas, serialização pioriada de um filme que já era ruim. A grande exceção foi mesmo os Pinguins de Madagascar, que realmente eram mais divertidos que o Alex e os outros protagonistas oficiais dos filmes. Pena que não tiveram uma boa idéia para o filme deles, que basicamente copiou Meu Mavaldo Favorito 2.
E realmente os Rugrats eram muito superiores a Baby Boss.
Pedro.

Dood disse...

Monstros vs Alienígenas nem lembrava, também pudera: só pra efeito de análise quando o desenho estreou na TV Aberta no Sábado Animado vi o primeiro episódio e nem consegui terminar, e olha que sou uma pessoa que se esforçou pra assistir a série do Kung Fu Panda, mas pergunta pra mim se eu lembro de alguma coisa marcante da série? Nada. Depois da estreia no Sábado Animado tentaram colocar ele no Bom Dia e Cia no SBT e caiu no esquecimento.

O problema do filme dos Pinguins é que pegaram algo que seria nível Made For TV e jogaram pra cinema. É a fórmula fácil por isso Meu Malvado Favorito teve 2 continuações e Deu a Louca na Chapeuzinho teve uma. Você pega um roteiro genérico que funcionaria com qualquer personagem, aí não tem graça.

Agora que você mencionou Trolls, pesquisei aqui e vi que é da Dreamworks também. Sério que quando vi a primeira vez logo pensei que eles queriam fazer algo Wannabe Smurf. Vou ver se eu assisto depois, mas vou preparado.