quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Idealismo, Não Idealismo e Anti-Idealismo

(Capítulo 15 do livro Idealismo: Os Princípios Esquecidos do Cinema Americano)

Até agora, estávamos focados mais nos positivos: em explicar o que é o Idealismo e quais seus elementos fundamentais. No entanto, tão importante quanto definir o que é o Idealismo, é entender o que ele não é e quem são seus opositores.

Existem muitas formas de agrupar e classificar filmes com base em valores, mas uma que acho bastante útil é agrupá-los de acordo com seus posicionamentos em relação ao Idealismo: se são a favor, indiferentes, ou contrários a ele.

IDEALISMO

Como já defini antes, essas são as obras e artistas com uma atitude pró-felicidade, pró-autoestima, pró-prazer, que colocam a experiência do espectador em 1º lugar, que apresentam para o público eventos e personagens atraentes, uma narrativa estimulante, que desejam inspirar o espectador mostrando virtude, uma realidade melhorada, moldada de acordo com a visão e os interesses do artista.

Vale observar que uso o termo Idealismo não no sentido platônico de ser algo que se passa apenas na imaginação, de ser uma fantasia, e sim no sentido de refletir uma busca pelo ideal, pelo melhor possível. Um filme de fantasia pode ser Anti-Idealista se ele for hostil a valores como a Benevolência e a Autoestima, e um documentário pode ser Idealista se ele for favorável a estes mesmos valores. Ser Idealista nada tem a ver com “realidade vs. fantasia”, e sim com a atitude de se estar buscando prazer, virtude, felicidade etc. 

NÃO IDEALISMO

Não Idealistas são aqueles artistas que se mostram indiferentes aos valores do Idealismo. Acham (ou fingem) que essas não são questões primordiais, e tentam buscar significância mostrando um conjunto diferente de valores, mas não necessariamente atacando o Idealismo de maneira explícita. Esta categoria inclui, principalmente, obras Naturalistas, Experimentais e Subjetivistas, as quais discutirei melhor nos próximos capítulos. As Experimentais/Subjetivistas são as obras que estão mais preocupadas com a expressão do estilo e do universo pessoal do autor, e não com o prazer do espectador ou com a transmissão de uma mensagem específica (arte moderna, filmes de arte etc.). Já as obras Naturalistas estão mais preocupadas com a função social do cinema: costumam retratar personagens não virtuosos, eventos cotidianos, problemas sociais, querem conscientizar ou educar o espectador a respeito de alguma questão política, dar visibilidade às classes mais baixas etc.

ANTI-IDEALISMO

Anti-Idealismo é quando a obra é hostil aos valores do Idealismo: é anti-heróis, antivirtude, antiotimismo, e tem a intenção de destruir a visão romantizada de mundo promovida pelo Idealismo. Uso o termo “Anti-Idealismo”, já que esses artistas não são “pró-algo”, não estão primeiramente tentando projetar algo positivo que consideram superior ao Idealismo, até por isso eles nunca conseguem ignorar o Idealismo totalmente e simplesmente promoverem seus tipos de valores — eles precisam estar sempre por perto do Idealismo, como um vírus, para poderem atacá-lo; o foco está em destruir, negar, corromper, zombar, manchar, e não em construir, apresentar algo diferente e superior.


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(complemento — não faz parte do livro)

CATEGORIAS

Considerando isso, às vezes uso siglas para separar os filmes em 5 categorias diferentes, dependendo da forma como eles se relacionam com o Idealismo:

I (Idealismo): Filmes consistentes com os princípios Idealistas.

I- (Idealismo imperfeito): Filmes Idealistas de modo geral, mas com algumas imperfeições (ou por serem ruins esteticamente, ou por terem alguns toques negativos em termos de valores/mensagem).

IC (Idealismo Corrompido): Filmes parcialmente na premissa Idealista, mas misturados com problemas graves, elementos autodestrutivos: sinais de Anti-Idealismo, Senso de Vida malevolente, etc.

NI (Não Idealismo): Naturalismo, filmes de "autor", filmes didáticos/jornalísticos, etc.

AI (Anti-Idealismo): Ataque ao Idealismo como parte central da intenção/mensagem da obra.


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